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Alckmin intensifica ofensiva diplomática para reverter tarifa de 50% de Trump

Vice-presidente relata diálogo com secretário dos EUA e diz que Brasil não sairá da mesa de negociação em defesa do setor produtivo nacional

Vice-presidente Geraldo Alckmin 14/07/2025 (Foto: REUTERS/Adriano Machado)

247 - O governo brasileiro reforçou na quinta-feira (24) os esforços diplomáticos e políticos para tentar reverter a tarifa de 50% que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, determinou sobre produtos importados do Brasil a partir de 1º de agosto. 

O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), afirmou em coletiva de imprensa realizada em Brasília que manteve uma conversa por videoconferência com o secretário de Comércio norte-americano, Howard Lutnick. “Foi uma conversa longa, colocando todos os pontos e destacando o interesse do Brasil na negociação”, declarou.

Diplomacia comercial e cautela política - De acordo com Alckmin, o diálogo, que durou cerca de 50 minutos, seguiu as diretrizes do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de evitar a politização da disputa comercial. “Em vez de ter um perde-perde, com inflação nos Estados Unidos e diminuição das nossas exportações para o mercado americano, devemos resolver os problemas, aumentar a complementaridade econômica, a integração produtiva, investimentos recíprocos. Enfim, avançarmos numa agenda extremamente positiva”, argumentou.

O vice-presidente também destacou o papel do Brasil como um interlocutor disposto à negociação. “O Brasil nunca saiu da mesa de negociação. Não criamos esse problema, mas queremos resolver. Nós estamos empenhados em resolver”, pontuou.

Apoio do setor produtivo nacional - Desde o anúncio da medida protecionista por parte do governo dos EUA, o Palácio do Planalto tem buscado alinhar estratégias com o setor empresarial brasileiro. Alckmin revelou que, desde 15 de julho — data de criação do Comitê Interministerial de Negociação e Contramedidas Econômicas e Comerciais — já foram realizadas mais de 20 reuniões com representantes da indústria e do comércio.

“Estamos trabalhando com todo o setor produtivo no sentido de removermos essa medida, que não tem nenhuma justificativa para ser implantada”, afirmou.

As discussões envolveram mais de 100 entidades privadas, entre federações, associações e empresas nacionais e multinacionais. O setor farmacêutico foi um dos destacados por Alckmin como exemplo da assimetria na balança comercial. “É uma indústria estratégica e que retrata bem a relação Brasil-Estados Unidos. No ano passado, exportamos US$ 145 milhões e importamos dos Estados Unidos US$ 1,7 bilhão na área farmacêutica, o que mostra de novo o grande superávit dos Estados Unidos em relação ao Brasil e a injustiça do aumento de tarifa para o país”, explicou.

Nova política para micro e pequenas empresas - Durante a entrevista, Alckmin também anunciou que o presidente Lula deverá sancionar na próxima semana o programa Acredita Exportação. A iniciativa visa fortalecer a presença internacional das micro e pequenas empresas, por meio da devolução de tributos pagos ao longo da cadeia produtiva, incluindo aquelas optantes pelo regime simplificado do Simples Nacional.

Com a expectativa de enfrentar os impactos da medida tarifária norte-americana, o governo aposta na mobilização interna, no diálogo com Washington e no fortalecimento da competitividade brasileira como principais caminhos para proteger a economia nacional.

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