Após manter juros em 15%, Galípolo diz que "BC não pode brigar com os dados"
Presidente do BC defendeu a manutenção dos juros altos mesmo após dados mostrarem que a inflação foi de apenas 0,09% em outubro
247 - O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou nesta quarta-feira (12) que as decisões da instituição sobre a taxa básica de juros são guiadas exclusivamente por critérios técnicos e dados econômicos. A declaração foi feita em meio a pressões de setores da sociedade que defendem a redução imediata da Selic, hoje fixada em 15% ao ano, o maior patamar em quase duas décadas.
Galípolo respondeu às declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que defendeu o início de um ciclo de corte nos juros. O presidente do BC, no entanto, argumentou que o cenário inflacionário ainda não permite essa flexibilização. Ele lembrou que a inflação ultrapassou as metas em 2024, continua acima neste ano e que as projeções indicam a manutenção desse quadro nos próximos períodos.
“Entendo que é legítimo todos os ramos da sociedade poderem se manifestar sobre política monetária. Todo mundo pode brigar com o BC, o BC que não pode brigar com os dados”, afirmou Galípolo, ao reforçar que a instituição não se pauta por disputas políticas, mas por análises técnicas.
O economista destacou ainda que o Banco Central possui um dos mandatos mais objetivos entre as instituições públicas brasileiras. “Temos uma meta explícita de inflação”, acrescentou
Segundo o IBGE, O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que serve de referência para as metas do Banco Central, avançou apenas 0,09% no mês — a menor variação para outubro desde 1998 e abaixo das estimativas de analistas.
A inflação acumulada em 12 meses ficou em 4,68%, o menor nível desde janeiro. O resultado aumenta a probabilidade de o índice encerrar 2025 dentro do teto da meta oficial de 4,5% e reforça as apostas de que o Banco Central poderá iniciar um ciclo de cortes na taxa Selic.



