Com juros altos, ‘prévia do PIB’ indica retração de 0,9% no 3° trimestre
IBC-Br indica desaquecimento da economia em meio a manutenção da Selic em 15%
247 - A economia brasileira voltou a encolher no terceiro trimestre de 2025, após dois anos de avanços consecutivos. O Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), utilizado pelo Banco Central como termômetro da evolução do Produto Interno Bruto (PIB), registrou queda de 0,9% no período, já descontados os efeitos sazonais.
Esta é a primeira contração trimestral desde 2023, quando o indicador havia recuado 0,5%. O Banco Central confirmou nesta segunda-feira (17) que o desempenho reflete, em grande medida, o impacto da política monetária mais rígida adotada para conter a inflação.
A desaceleração ocorre em meio ao ciclo de alta da taxa Selic, atualmente fixada em 15% ao ano — o maior nível em quase duas décadas. O próprio BC reconhece que o arrefecimento da atividade é esperado como instrumento para aliviar as pressões inflacionárias e alinhar as projeções à meta oficial, de 3% ao ano.
Na ata recente do Comitê de Política Monetária (Copom), a autoridade monetária destacou que vem observando sinais de moderação econômica, além de um recuo gradual na inflação. “Endossando o cenário esperado do Comitê até aqui, há uma moderação gradual da atividade em curso, certa diminuição da inflação corrente e alguma redução nas expectativas de inflação”, informou o documento.
Outro ponto mencionado pelo Banco Central é que o chamado “hiato do produto” permanece positivo, indicando que a economia ainda opera acima de seu potencial sem pressionar diretamente os preços — um cenário que normalmente exigiria atenção redobrada na condução da política monetária.
O PIB oficial, calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), será divulgado em 4 de dezembro. Embora o IBC-Br seja visto como uma prévia do resultado, sua metodologia difere da usada pelo IBGE. O indicador do BC reúne estimativas de desempenho da agropecuária, indústria, serviços e impostos, mas não incorpora a ótica da demanda — fator decisivo no cálculo do PIB.
Na prática, quedas no PIB representam retração da produção, do consumo e dos investimentos, mas não necessariamente refletem o bem-estar social da população. Ainda assim, o IBC-Br segue como uma referência importante para a definição da taxa básica de juros, já que um ritmo mais forte de expansão tende a agravar as pressões sobre os preços.



