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Reforma do IR amplia isenção e turbina 13º salário

Mudança no Imposto de Renda eleva a faixa de isenção para R$ 5 mil a partir de 2026 e garante 13º mais alto a trabalhadores de baixa e média renda

Moedas de reais (Foto: Reuters/Bruno Domingos)

247 - A reforma do Imposto de Renda aprovada pelo Congresso Nacional vai garantir um ganho extra para milhões de trabalhadores a partir de 2026. A ampliação da faixa de isenção para R$ 5 mil mensais fará com que o 13º salário fique mais alto para quem ganha até R$ 7.350, beneficiando diretamente a classe média e os assalariados de menor renda.

Segundo a Folha de S.Paulo, o novo texto aprovado muda significativamente o cálculo do imposto, isentando totalmente os rendimentos mensais até R$ 5 mil e reduzindo gradualmente a cobrança para quem recebe até R$ 7.350. A alteração não afetará o 13º de 2025, já que as novas regras entram em vigor apenas em 1º de janeiro de 2026.

Cálculo e impacto no 13º salário

O 13º salário é tributado de forma separada da remuneração mensal, o que torna a mudança mais perceptível no pagamento de fim de ano. "No salário regular, desconta plano de saúde, plano odontológico, vale transporte e vale alimentação, que não tem no 13º. Então geralmente, no salário do mês, você recebe um valor menor, porque tem todos esses descontos", explica Welinton Mota, diretor tributário da Confirp.

O benefício é pago em duas parcelas: a primeira, entre fevereiro e novembro, e a segunda, até 20 de dezembro, conforme o Ministério do Trabalho e Emprego. "Na primeira parcela do 13º não há desconto de imposto, pois ela representa apenas um adiantamento. A segunda parte desconta o IR, as contribuições ao INSS e eventuais deduções legais, como pensão alimentícia e dependentes", detalha a advogada trabalhista e previdenciária Márcia Ribeiro.

Com a nova faixa de isenção, quem recebe até R$ 5 mil deixará de ter qualquer desconto no 13º salário, enquanto trabalhadores com renda de até R$ 7.350 terão redução parcial no imposto. Acima desse limite, as alíquotas permanecem as mesmas. Na prática, empregados que ganham entre R$ 3.036,01 e R$ 5 mil passarão a receber o valor integral do benefício.

Alívio no orçamento familiar

A medida deve representar um fôlego no orçamento de muitas famílias, especialmente no início do ano, período marcado por despesas com impostos e material escolar. "Ter o 13º sem desconto de imposto permite que o trabalhador use o valor integral para organizar o orçamento e começar o ano com menos aperto", avalia Andressa Gomes, especialista em gestão tributária da Fipecafi.

Segundo ela, a reforma corrige distorções históricas. A faixa de isenção do Imposto de Renda ficou congelada por anos, e o que tivemos recentemente foi apenas uma correção, não uma isenção de verdade. Agora, sim, estamos falando de uma medida que pode corrigir parte da regressividade tributária", afirma.

Andressa também ressalta o caráter social da mudança: "Hoje, uma pessoa que ganha R$ 5.000 tem cerca de 70% a 80% da renda absorvida por despesas básicas. A isenção dá um fôlego e aumenta a capacidade de consumo, especialmente das famílias de média e baixa renda".

Compensação para altas rendas

Para equilibrar a arrecadação, o governo criou um imposto mínimo de 10% sobre grandes rendas. O novo tributo atinge cerca de 141 mil contribuintes que pagam, em média, apenas 2,5% de alíquota efetiva. O piso valerá para quem ganha mais de R$ 50 mil por mês — cerca de R$ 600 mil por ano — e será aplicado progressivamente até o limite de 10% para rendas superiores a R$ 1,2 milhão anuais.

Na prática, se um contribuinte já recolheu 2,5%, pagará a diferença de 7,5%. A medida busca reduzir a disparidade entre os assalariados e quem obtém lucros e dividendos de empresas, parcela historicamente menos tributada.

Vigência e tabela atual do IR

Mesmo após a aprovação, a tabela do Imposto de Renda de 2025 continuará válida até dezembro. Assim, os descontos aplicados sobre salários e aposentadorias seguem sem alteração neste ano.

Faixa de renda (R$)

Alíquota (%)

Parcela a deduzir (R$)

Até 2.428,80

0

0

De 2.428,81 a 2.826,65

7,5

182,16

De 2.826,66 a 3.751,05

15

394,16

De 3.751,06 a 4.664,68

22,5

675,49

Acima de 4.664,68

27,5

908,73

A nova política tributária representa um dos ajustes mais amplos dos últimos anos e busca reequilibrar a carga de impostos entre trabalhadores e contribuintes de alta renda, prometendo mais justiça fiscal e maior poder de compra para as famílias brasileiras.

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