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      "Armação no Equador é parte da estratégia estadunidense para retomar o controle sobre a América Latina", diz Breno Altman

      Jornalista alerta que ofensiva eleitoral no Equador faz parte de plano de Donald Trump para enfraquecer governos progressistas no continente

      (Foto: Reuters | Divulgação )
      Dafne Ashton avatar
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      247 - Durante entrevista ao Bom Dia 247, o jornalista e analista político Breno Altman afirmou que a eleição presidencial no Equador, vencida por Daniel Noboa, apresenta indícios de fraude e deve ser compreendida como um episódio de uma estratégia mais ampla conduzida pelos Estados Unidos para restaurar sua influência sobre a América Latina.

      Questionado sobre o governo brasileiro reconhecer o resultado da eleição equatoriana, Altman respondeu: “Por que cargas d’água não reconheceu da Venezuela e reconhece o do Equador?”. Ele apontou como um “nó diplomático” o fato de que “as evidências de fraude no Equador são muito grandes”.

      Entre os indícios citados, Altman mencionou a estagnação da candidata Luisa González no segundo turno, mesmo após ter ampliado sua coalizão. “Não cresceu um voto do primeiro pro segundo turno. Bizarro, né? Ela ampliou a coalizão entre os dois turnos, incluindo o Pachakutik, que teve 5% dos votos no primeiro turno.” Segundo ele, a eleição foi realizada sob “estado de exceção por 60 dias em sete províncias onde ela ganhou no primeiro turno”, e houve “atas sem a assinatura do presidente e secretário das mesas de apuração”. Além disso, destacou que “nenhuma pesquisa dos últimos dias previa vitória do Noboa e muito menos com essa diferença”, que foi de cerca de 9%.

      Altman avaliou que a situação equatoriana não é isolada, mas sim parte de um plano geopolítico. “Devemos ver essa armação para a vitória do Noboa como parte da estratégia norte-americana de recuperar sua influência e seu domínio sobre a América Latina. Eu não tenho nenhuma dúvida de que o governo Donald Trump irá atuar sobre todos os meios para recuperar esse controle sobre o subcontinente.”

      Segundo ele, esse movimento inclui a tentativa de fortalecimento da direita na Argentina, o apoio a Noboa no Equador, a possível desestabilização do governo Lula no Brasil e articulações para vitórias conservadoras na Bolívia e no Chile. “Vai ser desencadeada uma escalada para recuperar hegemonia sobre a América Latina, tendo como principal inimigo, como já fica claro no continente, a Venezuela e Cuba”, alertou.

      Breno Altman destacou o papel central que o Brasil deve exercer diante dessa ofensiva. “A política externa brasileira tem que servir de anteparo a essa escalada norte-americana, da qual o Brasil é um dos alvos. O presidente Lula já começou a ter um discurso mais firme na reunião da CELAC, mas é necessário mais do que isso.”

      Para ele, o país precisa utilizar seu peso político e econômico para articular a região contra o avanço da influência dos Estados Unidos. “O governo Trump não pode falar o que fala sobre recuperar a influência do seu quintal sem que a voz brasileira seja ouvida em alto e bom som. Não é possível que os ataques contra Venezuela e Cuba se aprofundem sem que a chancelaria brasileira faça um contraponto.”

      Altman defendeu que a política externa brasileira não se limite à agenda comercial, mas assuma posição diante das ameaças à soberania regional. “A questão comercial só é resolvida favoravelmente aos países se eles conseguem defender sua soberania, sua autodeterminação. É isso que está em jogo aqui na América Latina.”

      Ao comentar a nota divulgada pelo Grupo de Puebla, que alertou para riscos de ditadura no Equador, Altman destacou a importância da manifestação. “É um sinal importante, um alerta que deve ser levado em consideração.” Ele lembrou que o grupo reúne lideranças políticas e intelectuais de esquerda desde 2019, inclusive o presidente Lula, e atua como uma “caixa de ressonância buscando defender a democracia no continente”.

      Para o jornalista, é fundamental que o Brasil assuma a liderança na construção de uma reação regional. “É necessário articular a América Latina contra essa escalada, e o país que tem peso político e econômico para fazê-lo, e o presidente que tem liderança para fazê-lo, é o Brasil e é o presidente Lula.” Assista: 

       

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