“Ciência evolui na velocidade da luz, mas diplomatas são lentos”, diz enviado brasileiro sobre acordo de armas biológicas
Em conferência em Nova Délhi, o governo indiano, seguindo a mesma linha crítica, apresentou uma nova estrutura nacional para aprimorar a gestão de riscos
247 - O representante permanente do Brasil na Conferência de Desarmamento e presidente do Grupo de Trabalho sobre o Fortalecimento da Convenção de Armas Biológicas (BWC), Frederico Meyer, afirmou que a “maior lacuna” no atual sistema global de governança para armas biológicas é a disfuncionalidade da situação internacional. A reportagem é da agência ANI:
Expressando preocupação com a ausência de um arcabouço eficaz de governança para armas biológicas, ele disse em entrevista à ANI: “A ciência evolui na velocidade da luz, enquanto os diplomatas se movem muito lentamente.”
“A maior lacuna (no atual sistema global de governança de armas biológicas) é a situação internacional. No espaço onde discutimos, há posições nacionais fortes, muito influenciadas pela polarização na política externa neste momento”, disse Meyer.
Apesar disso, Meyer demonstrou otimismo ao afirmar que a convenção ainda é muito jovem e que, à medida que o cenário mundial evolui, haverá esforços para reduzir essas lacunas. “A convenção é uma jovem garota. Tem apenas 50 anos. Então, naturalmente, o mundo tem passado por uma evolução permanente. É por isso que temos esse grupo de trabalho, para fortalecer a convenção. À medida que o mundo e a cena internacional evoluem, temos grupos que buscam tratar e fechar essas lacunas”, afirmou.
A conferência internacional “50 Anos da BWC: Fortalecendo a Biossegurança para o Sul Global” está sendo organizada pelo Ministério das Relações Exteriores nos dias 1º e 2 de dezembro, em Nova Délhi, para marcar os 50 anos da entrada em vigor da Convenção de Armas Biológicas (BWC, na sigla em inglês).
Índia propõe novo marco
O ministro das Relações Exteriores indiano, Dr. S. Jaishankar, discursou na sessão inaugural, dirigindo-se a especialistas científicos, formuladores de políticas e diplomatas de mais de 80 países, além de representantes de organizações internacionais e regionais, bem como da academia e da indústria indianas.
O ministro reafirmou o compromisso da Índia com a implementação plena e efetiva da Convenção de Armas Biológicas e destacou o histórico consolidado do país em não proliferação. Ele pediu aos participantes que refletissem sobre os novos desafios decorrentes dos avanços acelerados da ciência e da tecnologia no contexto da BWC.
Jaishankar ressaltou a proposta da Índia de um Marco Nacional de Implementação que abrange a identificação de agentes de alto risco, supervisão de pesquisas de uso dual, relatórios internos, gestão de incidentes e treinamento contínuo, segundo comunicado do Ministério das Relações Exteriores.
Ele observou que a Bolsa Anual de Assuntos de Desarmamento e Segurança Internacional da Índia e o Programa de Capacitação sob o ITEC, voltado à Resolução 1540 do Conselho de Segurança da ONU e a controles de comércio estratégico, reforçam a contribuição do país para a arquitetura global de não proliferação.
Durante a abertura da conferência, Jaishankar também visitou uma exposição que apresenta as capacidades da Índia em biossurveillance, biotecnologia, diagnósticos, terapias e tecnologia digital aplicada à vigilância de doenças e áreas relacionadas.
A exposição reúne casos de sucesso e soluções desenvolvidas por órgãos e departamentos do governo, incluindo DRDE, CSIR, Ministério da Saúde e Bem-Estar Familiar, Departamento de Biotecnologia-BIRAC, ICMR e Departamento de Pecuária, além de parceiros da iniciativa privada. O laboratório ICMR BSL-3 e a Unidade Veterinária Móvel do DAHD fazem parte da mostra, representando a inovação indiana na preparação para emergências de saúde pública.



