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Garotinho: “Cláudio Castro e Bacellar operam como uma sociedade”

Ex-governador afirma em entrevista à TV 247 que divisão de cargos e recursos no governo do Rio seguiu lógica de parceria política e financeira. Assista

Anthony Garotinho (Foto: Carlos Moura/Agência Senado)

247 - O ex-governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho afirmou, em entrevista à TV 247, que o atual governador do estado, Cláudio Castro, e o presidente da Assembleia Legislativa, Rodrigo Bacellar, alvo da PF, atuaram como sócios na condução do governo fluminense, com divisão de cargos, influência política e repartição de recursos oriundos das secretarias estaduais.

Segundo ele, essa relação teria se consolidado desde o período do impeachment de Wilson Witzel e se aprofundado ao longo dos últimos sete anos. Garotinho declarou que “na verdade o Cláudio Castro e o Bacellar caminharam juntos durante todos esses sete anos”, sustentando que a aliança entre Executivo e Assembleia foi estruturada a partir de um amplo loteamento de cargos públicos.

“Houve ali um festival de distribuição de cargos para deputados, onde o Bacellar ficou com uma grande parte dos cargos para si e outros ele foi dividindo com deputados”, afirmou.

De acordo com o ex-governador, a falta de experiência administrativa de Cláudio Castro teria levado o governador a firmar uma aliança profunda com a Alerj para garantir maioria parlamentar. “O governador, com pouquíssima experiência administrativa, foi colocado numa chapa improvável e, de repente, virou governador. Para constituir maioria para poder governar, ele fez então essa aliança com a Assembleia”, disse.

Garotinho relatou que, nesse arranjo, as secretarias se transformaram em fontes de arrecadação. “O rendimento financeiro da exploração da secretaria, quando era dada a um deputado, ficava parte para o deputado, parte para ele e parte para o governador”, afirmou.

Para ele, essa dinâmica configurava claramente uma parceria. “Era uma espécie de sociedade, até porque eles chegaram mesmo em alguns negócios a ser sócios”, completou.

O ex-governador disse não ter dúvidas de que as investigações em curso irão avançar. “É muito fácil de apurar tudo. Eu não tenho dúvida que mais cedo ou mais tarde o Cláudio Castro vai ser afastado no mínimo, se não for preso”, declarou, acrescentando que deputados de diferentes partidos e espectros ideológicos também seriam atingidos.

“Vão aparecer deputados de direita, de esquerda e do centro. O centrão é centrão em qualquer lugar”, afirmou.

Garotinho também demonstrou preocupação com os impactos políticos dessas investigações sobre o estado. “Eu temo sinceramente pela situação do Rio de Janeiro. Se nós tivermos 30, 40 deputados recebendo mesada, imagina como fica a governabilidade”, disse. Ele mencionou ainda a apreensão de celulares e a atuação de intermediários financeiros ligados ao esquema. “Agora que foi apreendido também o telefone do Rui Bulhões, conhecido como Rui Bilhões, que era um dos pagadores do Rodrigo Bacellar”, afirmou.

Segundo o ex-governador, o enfraquecimento institucional já atinge a linha sucessória do Executivo estadual. “Hoje o Rio não tem vice-governador na linha sucessória, porque numa manobra do Cláudio com o Bacellar, ele precisou tirar o vice e botar no Tribunal de Contas”, relatou, classificando o cenário como instável. “Agora quero ver como essa situação vai ser administrada. É uma situação muito complexa”, concluiu. Assista:

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