“Não enfrenta o imperialismo com nota de repúdio”, afirma Carlos Latuff
Cartunista critica a agressãp dos EUA contra a Venezuela e afirma que alianças econômicas não protegem países do Sul Global
247 - O cartunista Carlos Latuff repudiou a agressão dos Estados Unidos contra a Venezuela e criticou a resposta da comunidade internacional. Para ele, o discurso diplomático não é capaz de conter a ofensiva imperial.
“Você não enfrenta o imperialismo com nota de repúdio”, enfatizou o cartunista durante o programa Giro das Onze, da TV 247.
Ele comentou também a posição do governo brasileiro na reunião do Conselho de Segurança da ONU, na qual o embaixador brasileiro condenou o bloqueio naval imposto pelos Estados Unidos contra navios venezuelanos. Latuff rejeitou a ideia de que se trata de um conflito bilateral.
“Não existe conflito. O que existe é uma agressão dos Estados Unidos contra a Venezuela”, disse.
Segundo ele, o objetivo central da ofensiva norte-americana é o controle do petróleo venezuelano.
“O próprio Trump já falou anteriormente que o erro dele no primeiro mandato foi não ter colocado as mãos no petróleo venezuelano. Ele agora está 'corrigindo' esse erro", lembrou.
Latuff alertou ainda para o uso do discurso do terrorismo como justificativa legal para intervenções militares. “Existe uma lei nos Estados Unidos que autoriza o governo americano a atacar qualquer país que, na ótica deles, represente uma ameaça terrorista”, destacou.
O cartunista também criticou a fragilidade dos BRICS e de outras alianças internacionais diante desse tipo de ameaça. “Não é o suficiente haver uma aliança econômica. Quando acontece uma situação como essa, o que se pode fazer?”, indagou. “A Venezuela está hoje enfrentando uma ameaça à sua soberania. Ela está enfrentando essa ameaça por conta do petróleo”, afirmou.
Ao comparar a situação com guerras do passado, como a do Vietnã, Latuff destacou a importância das rotas de apoio militar, que hoje não existem no caso venezuelano. “Se você não tem uma rota de suprimentos, não tem como você ter munição, não tem como você ter armas.”
Na avaliação do cartunista, enquanto os Estados Unidos puderem agir sem sanções reais, países do Sul Global continuarão vulneráveis. “Basta eles quererem. É só isso que basta”, concluiu.



