'O neoliberalismo sequestrou o futuro, e somente a esquerda organizada pode salvá-lo', diz Genoino
Ex-presidente do PT analisa crise da democracia, fragmentação da direita e desafios para um eventual quarto governo Lula. Assista à entrevista na TV 247
247 - A conjuntura política brasileira avança em direção ao decisivo ano de 2026 marcada por incertezas institucionais, disputas de poder e riscos que vão além da fragmentação do campo conservador, mesmo com a liderança consolidada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas pesquisas de intenção de voto para a eleição presidencial.
Para o ex-presidente do PT José Genoino, o cenário revela uma crise mais profunda, que compromete a própria capacidade do país de projetar e disputar seu futuro político. Em entrevista à TV 247, Genoino definiu esse quadro como a “interdição do futuro pela hegemonia neoliberal” e avaliou que apenas a reconstrução de uma esquerda efetivamente comprometida com as lutas da classe trabalhadora será capaz de “libertar o futuro" e reabrir horizontes políticos para o Brasil.
Crise institucional - Sobre um possível cenário de crise entre os Poderes, Genoino avalia: “Nós estamos vivendo uma espécie de crise institucional com um golpe em aberto”.
Ele sustenta que esse quadro teve início com as perseguições promovidas pela direita liberal contra o PT e ressalta a importância de preservar essa memória para a compreensão do atual momento político.
Como enfrentar - O próprio ex-chefe nacional do PT fez uma autocrítica ao período em que presidiu o partido, ao avaliar que o PT perdeu autonomia ao longo dos últimos anos.
“O PT tinha que ser constituído com autonomia em relação ao governo”, defendeu, acrescentando que a legenda precisa retomar o diálogo permanente com a sociedade. Para ele, a ausência de mobilização social fragiliza qualquer projeto de transformação. “Sem sociedade, sem rua, sem mobilização, nós ficaremos presos a um modelo de oligarquização da política”, alertou.
Genoino elenca uma série de pautas que considera centrais para a classe trabalhadora ao apontar os efeitos que classifica como devastadores da hegemonia neoliberal, sintetizados, segundo ele, na constatação de que esse modelo “cria a falta de esperança”.
Entre as prioridades destacadas estão a reforma da prestação dos serviços públicos, a garantia de direitos para a população “uberizada” e o fortalecimento das lutas das mulheres, do povo negro, dos povos originários e da população LGBTQIA+.
Defesa e soberania nacional - Outro eixo central para a esquerda deve ser a defesa firme da soberania e de uma política renovada de defesa nacional, segundo Genoino. Em sua avaliação, o Brasil carece de uma política nacional de defesa compatível com um mundo multipolar.
“O Brasil não tem política de defesa nacional. Nós temos uma velha política de defesa com base na guerra interna”, criticou o ex-presidente do PT.
Ele defendeu a reestruturação das Forças Armadas, maior investimento em tecnologia estratégica e integração regional. Nesse contexto, alertou para pressões externas, especialmente com o retorno de Donald Trump à Casa Branca.
“A margem de manobra é menor do que a gente imaginava”, afirmou, ao tratar da pressão militar massiva dos EUA na América do Sul. Assista:



