Renato Freitas: "O PT ainda bate no coração do povo"
Deputado paranaense defende um retorno do partido às bases populares e critica distanciamento da periferia
247 - Em entrevista ao programa Brasil Agora, o deputado estadual Renato Freitas (PT-PR) falou sobre a trajetória do Partido dos Trabalhadores, que completou 45 anos, e destacou os desafios da legenda na atual conjuntura política. Em sua fala, ele resgatou a importância do PT para as classes populares e defendeu um retorno mais forte às bases, especialmente nas periferias.
"O PT é fruto da luta do povo", disse ele, destacando que o partido surgiu como expressão da mobilização popular e tem raízes profundas na sociedade brasileira. "Eu fico muito honrado quando dizem que sou uma renovação. O PT é de 1980, eu sou de 1983, então não sou tão jovem assim. Minha mãe colava os adesivos do PT quando eu era criança. Essa memória era muito esperançosa", relembrou.
Ele ressaltou a identificação das massas com o partido e com Lula desde os primeiros anos: "O cara tava lá, barbudão, trabalhador, falando a língua do povo. Fernando Henrique e todas essas figuras da elite pareciam não ter marcas de vivência. Já Lula tinha essas marcas na voz, no espírito e no rosto. Isso empolgava muito."
Freitas destacou que, desde a redemocratização, o PT tem sido um dos pilares da resistência popular. "Saímos derrotados em 1989, mas logo depois enfrentamos o governo neoliberal, entreguista e subordinado ao FMI de Fernando Henrique Cardoso, que trouxe desemprego, violência policial e aprofundou as desigualdades", criticou.
Ele enfatizou que, ao assumir o governo em 2002, Lula fez do combate à fome sua principal bandeira. "A fome foi uma epidemia nos anos 90. A periferia brasileira se tornou petista porque já vivia em resistência. O PT representava isso e ainda representa hoje."
Para o deputado, o partido continua sendo essencial para a luta democrática. "Hoje, a população precisa ainda mais do PT. Se no passado lutamos pelas Diretas Já e pela Constituinte, agora precisamos combater o fascismo, que é uma política de morte, que coloca os pobres contra os pobres e usa a força das armas para eliminar seus inimigos."
Freitas também criticou a forma como o capitalismo atual influencia a política e dificulta a organização da classe trabalhadora. "Hoje, com o uso massivo da internet, o poder não vem mais só do dinheiro, mas da capacidade de influenciar decisões políticas. É muito difícil construir resistência apenas a partir da ideia tradicional de classe trabalhadora. A luta precisa estar no território, na periferia, onde a exploração é mais cruel."
A necessidade de um novo pragmatismo
Renato Freitas defendeu que o PT precisa fortalecer sua presença nos territórios e dialogar diretamente com a população. "A igreja evangélica ocupa o território. O comércio ocupa o território. Os jornais policiais estão lá todos os dias. Nós não estamos."
Ele criticou a centralização das estruturas partidárias. "Onde está a sede do PT no seu município? Provavelmente perto do centro. Quantas sedes nossas estão em ruas de terra, entre os barracos de madeira, no meio do povo? Nosso pragmatismo tem sido o da cúpula. Não confiamos mais no povo, e o povo, sentindo isso, não confiou mais em nós."
Por fim, ele reforçou sua crença no potencial de mudança do partido. "Ainda há tempo de mudar essa realidade, porque o PT ainda bate no coração do povo, e o coração do povo bate na estrela do PT." Assista:
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