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“Trump está liderando uma contrarrevolução conservadora”, afirma Breno Altman

Jornalista analisa impactos da guerra tarifária dos EUA, avalia divisão do capital e alerta para risco de tsunami inflacionário global

(Foto: Divulgação | REUTERS/Kevin Mohatt)
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247 – O jornalista Breno Altman afirmou, em entrevista ao Bom Dia 247, que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está conduzindo uma mudança radical na política comercial global. “Trump está liderando uma contrarrevolução conservadora. Ele adotou como política ir para o confronto em todas as frentes ao mesmo tempo”, disse.

A guerra tarifária iniciada por Trump nas últimas semanas tem provocado pânico nos mercados financeiros. “O VIX, que é o índice do medo em Wall Street, disparou para o maior nível em oito meses. O mundo inteiro está apreensivo com os impactos das tarifas sobre o comércio global”, comentou Altman.

Segundo ele, o movimento liderado pelo republicano busca reverter décadas de globalização econômica. “Durante 40 anos, empresas norte-americanas foram para países onde se pagava menos salários e impostos. Exportavam para os EUA, aumentavam seus lucros, mas deterioravam o mercado interno. Trump quer acabar com isso. Quer as empresas de volta em solo norte-americano.”

Divisão na burguesia e possível crise de oferta

A estratégia de Trump, no entanto, divide o empresariado dos Estados Unidos. “Ele promove uma divisão na burguesia norte-americana. Alguns capitalistas que dependem da exportação para os EUA estão furiosos. Já os que podem lucrar com o fechamento do mercado interno estão aplaudindo.”

Essa disputa pode trazer consequências econômicas graves. “Se as tarifas forem mantidas, e os EUA não conseguirem substituir as importações bloqueadas, o que virá é crise de oferta e inflação. Muitos analistas acham que Trump está montando um tsunami inflacionário dentro dos Estados Unidos que vai se espalhar pelo mundo.”

Mobilização social e novo epicentro da luta de classes

O cenário interno também é de tensão social. “Mais de mil cidades norte-americanas tiveram manifestações nos últimos dias. Por enquanto, são mobilizações das classes médias. A classe trabalhadora ainda apoia Trump, acreditando que os empregos voltarão. Mas há possibilidade de os EUA se tornarem o epicentro da luta de classes mundial.”

Altman também analisou o papel da indústria naval nesse novo contexto: “Trump quer retomar o controle das rotas marítimas, hoje dominadas pela China. A indústria naval norte-americana está comemorando. Isso pode estimular outros setores, como siderurgia e tecnologia”.

Apesar disso, ele considera que a estratégia de Trump é de alto risco: “Essas medidas não têm impacto de curto prazo e podem nem se consolidar até o fim do mandato. Já há discussão nos EUA sobre romper o limite constitucional de dois mandatos, caso ele queira continuar a ofensiva”. Assista: 

 

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