Irmã de Deolane Bezerra é alvo de operação da PF contra fraudes com apostas on-line
Operação Opções Binárias apura esquema ilegal que teria movimentado mais de R$ 50 milhões e envolve influenciadores digitais e empresas de apostas
247 - A Polícia Federal deflagrou, na manhã desta terça-feira (16), a Operação Opções Binárias, com o objetivo de desmontar uma organização criminosa suspeita de atuar em fraudes financeiras por meio de casas de apostas on-line irregulares. As investigações apontam para um esquema sofisticado, estruturado em diferentes frentes, que teria causado prejuízos milionários ao Sistema Financeiro Nacional.
Segundo a coluna Na Mira, do Metrópoles, uma das investigadas é Dayanne Bezerra, irmã da influenciadora digital Deolane Bezerra e filha de Solange Bezerra. Ambas já haviam sido presas anteriormente durante a Operação Integration, também conduzida pela Polícia Federal.
De acordo com a PF, o grupo é investigado por crimes como lavagem de dinheiro, evasão de divisas, sonegação fiscal e estelionato digital. As autoridades estimam que a organização tenha movimentado ilegalmente mais de R$ 50 milhões ao longo do período sob investigação.
No total, estão sendo cumpridos 11 mandados de busca e apreensão em endereços residenciais localizados em São Fidélis, no interior do Rio de Janeiro. As diligências também se estendem a bairros da Zona Oeste da capital fluminense, como Barra da Tijuca e Recreio, além de Goiânia, Manaus, Campos dos Goytacazes, Santana do Parnaíba e Barra do Bugres, em quatro estados diferentes.
A Justiça determinou ainda o sequestro de veículos, o bloqueio de contas bancárias e de aplicações financeiras dos investigados. As medidas atingem três pessoas jurídicas, sendo que duas delas tiveram as atividades suspensas por decisão judicial.
Além das buscas, quatro investigados foram submetidos a medidas cautelares alternativas à prisão. Entre as restrições impostas estão a proibição de exercer atividades econômicas ligadas a investimentos, jogos e apostas, limitações de deslocamento para fora da cidade de residência, recolhimento domiciliar noturno e aos fins de semana, além do uso de tornozeleira eletrônica.
As investigações tiveram início após a Polícia Federal identificar indícios de enriquecimento ilícito envolvendo influenciadores digitais sediados em São Fidélis. A apuração revelou a atuação conjunta de empresários, influenciadores e contatos chineses, com operações divididas em ao menos três modalidades principais.
Conforme detalhado pela PF, o grupo fornecia serviços de manipulação de plataformas de opções binárias, executados por operadores chineses. Esses serviços eram adquiridos pelos investigados e revendidos a terceiros, sempre com promessas de ganhos elevados e irreais. Outra frente envolvia a contratação de influenciadores digitais para promover plataformas de apostas, em contratos que previam lucro direto dos investigados a partir das perdas dos apostadores atraídos pelas campanhas.
A terceira estratégia consistia na criação de uma plataforma própria de opções binárias. Quando os usuários obtinham lucro, o grupo recorria a práticas fraudulentas, como o bloqueio de contas e a restrição de saques. Em aproximadamente dois anos, apenas um dos investigados recebeu mais de R$ 28,3 milhões sem qualquer lastro financeiro, segundo a Polícia Federal.
As apurações também indicam que integrantes do grupo já tinham envolvimento anterior com a gestão de casas de apostas on-line sem regulação, antes mesmo da atuação no mercado de opções binárias. Essas plataformas funcionam como ambientes virtuais nos quais o usuário aposta na variação de preços de ativos em prazos muito curtos, sem adquirir o bem negociado.
Por apresentarem características semelhantes a jogos de azar, as opções binárias são consideradas operações de alto risco e não possuem regulação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) no Brasil, o que deixa os investidores sem proteção legal. A defesa dos envolvidos não foi localizada até a última atualização do caso, e o espaço segue aberto para manifestações.



