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Mãe denuncia omissão e xenofobia após filho ter dedos decepados em escola de Portugal: "mentiroso"

Ainda não há confirmação se os envolvidos na amputação são os mesmos que teriam praticado bullying anteriormente

Mãe ao lado do filho ferido (Foto: Reprodução)

247 - A mãe de um menino brasileiro que teve dois dedos parcialmente amputados em uma escola de Portugal denuncia que o filho vinha relatando agressões antes do episódio e chegou a ser desacreditado por uma professora. As informações são do UOL. 

Segundo Nívia, dias antes da mutilação, o garoto contou que estava sofrendo puxões de cabelo e chutes de outras crianças na Escola Básica de Fonte Coberta, em Cinfães, distrito de Viseu. Ao relatar a situação à docente responsável pela turma, o menino teria sido repreendido. De acordo com a mãe, a professora respondeu: “Não seja mentiroso, você tem que ser um menino bom”. A família acredita que o caso pode envolver violência motivada por xenofobia e racismo.

A mãe afirma que a primeira queixa do filho surgiu logo após o início do ano letivo, em setembro, quando um colega teria dito que ele “não sabia falar português” e precisava aprender a se comunicar corretamente. Nívia explicou que, apesar do menino ser brasileiro e falar português, o sotaque e a adaptação ao novo ambiente escolar teriam desencadeado episódios de hostilidade.

No dia 5 de novembro, a mãe diz ter encontrado marcas roxas no pescoço e no peito da criança. Ela tirou fotos e enviou à professora, informando que não aceitaria qualquer tipo de agressão contra o filho. Segundo Nívia, a docente respondeu que conversaria com os alunos no dia seguinte. Cinco dias depois, o menino sofreu o acidente que resultou na amputação parcial dos dedos. Em mensagem apresentada pela mãe, a professora classificou o episódio como um incidente que “poderia ter acontecido com qualquer menino e que ninguém teve a intenção” de machucar a criança.

Ainda não há confirmação se os envolvidos na amputação são os mesmos que teriam praticado bullying anteriormente.

No dia 10 de novembro, Nívia recebeu uma ligação da escola informando que o filho havia sofrido um “acidente leve”. Ao chegar ao local, encontrou o menino sentado, com a mão ensanguentada e enfaixada. Já na ambulância, relata ter recebido um objeto para segurar. Ao perguntar o que era, ouviu do bombeiro: “É o dedo do seu filho”.

O menino foi levado ao Hospital de São João, no Porto, onde passou por uma cirurgia de três horas. Os médicos não conseguiram reconstituir as pontas dos dois dedos amputados. Segundo o relato feito pelo garoto à mãe, o ferimento ocorreu quando duas crianças fecharam a porta do banheiro sobre seus dedos, impedindo que ele saísse para pedir ajuda.

Após a repercussão do caso, a família decidiu se mudar de casa e de cidade por medo de novas hostilidades. Atualmente, estão hospedados provisoriamente na casa de parentes, dormindo em colchonetes enquanto reorganizam a rotina.

Nívia afirma não ter recebido contato do Ministério da Educação de Portugal, da escola ou dos pais das crianças envolvidas. Segundo ela, o único retorno oficial veio do Consulado do Brasil no Porto, que ofereceu apoio psicológico e jurídico.

Autoridades portuguesas investigam o episódio para apurar responsabilidades e esclarecer se houve agressão intencional, omissão institucional ou motivação xenofóbica. Até o momento, o nome da professora não foi divulgado e a escola não se pronunciou publicamente sobre as acusações.

A família aguarda novas informações enquanto o menino segue em recuperação física e emocional.

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