Parceria entre Brasil 247 e Global Times

HOME > Global Times

China chega a 2026 como “âncora de estabilidade, diz editorial do Global Times

Jornal chinês destaca iniciativas globais de Xi Jinping, avanços em IA e planejamento estatal

Vista de Pequim (Foto: VCG)

247 – O mundo se despede de 2025 em meio a turbulências, conflitos e disputas crescentes sobre a ordem internacional, mas o jornal chinês Global Times sustenta que a China atravessou esse cenário com “extraordinária compostura” e que seguirá sendo, em 2026, um dos principais pontos de estabilidade do sistema global. A avaliação foi publicada em um editorial divulgado nesta quarta-feira, no qual o veículo defende que o planeta continuará “depositando expectativas” no país asiático para a construção de uma nova etapa de cooperação e desenvolvimento.

O texto argumenta que, diante da intensificação de choques geopolíticos e da crescente polarização entre modelos de abertura e fechamento, a China teria respondido às “questões do mundo” com “sabedoria chinesa”, assumindo o papel de “âncora de estabilidade”. Segundo o editorial, o país não apenas manteve sua trajetória de crescimento e modernização em 2025, como teria consolidado um conjunto de propostas e iniciativas capazes de projetar influência política e econômica em escala global.

“Âncora de estabilidade” e as iniciativas globais de Xi Jinping

Um dos principais pontos levantados pelo Global Times é o protagonismo atribuído ao presidente Xi Jinping na tentativa de oferecer novas bases para a governança mundial. O jornal afirma que Xi propôs uma Iniciativa de Governança Global, apresentada como complemento de outros três programas defendidos por Pequim: a Iniciativa de Desenvolvimento Global, a Iniciativa de Segurança Global e a Iniciativa de Civilização Global. Na visão do editorial, esse conjunto formaria um “guia de ação” para a construção de uma “comunidade com futuro compartilhado para a humanidade”.

O texto também cita uma pesquisa promovida pelo próprio veículo, o Global Survey on Impression and Understanding of China 2025, segundo a qual o pensamento de Xi Jinping sobre “socialismo com características chinesas para uma nova era” teria alta aprovação internacional. O editorial destaca o dado de que quase 80% dos entrevistados endossariam a ideia de “comunidade com futuro compartilhado”, argumento usado como sinal de reconhecimento crescente ao papel global de Pequim.

O simbolismo do desfile de 3 de setembro e a memória histórica

Outro eixo do editorial é a releitura histórica do ano de 2025 a partir de um evento específico: o desfile militar realizado em 3 de setembro, em Pequim, na Praça Tiananmen. O texto afirma que a cerimônia marcou os 80 anos da vitória chinesa na Guerra de Resistência contra a agressão japonesa e também da vitória mundial na Segunda Guerra e na luta antifascista.

O Global Times sustenta que o episódio foi um gesto para reafirmar que “a história não deve andar para trás” e que “a justiça não pode ser desafiada”. Segundo o editorial, a presença de dezenas de líderes estrangeiros e representantes de organizações internacionais teria reforçado um recado político: o compromisso com o desenvolvimento pacífico e com a segurança coletiva.

DeepSeek, IA e o discurso da “comunidade de inovação”

O editorial também dedica um trecho relevante aos avanços tecnológicos chineses, especialmente no campo da inteligência artificial. O Global Times cita os modelos de linguagem desenvolvidos na China, representados no texto pela plataforma DeepSeek, como evidência de que o domínio norte-americano na área estaria sendo desafiado. O jornal afirma que esses modelos teriam sido recebidos como um “presente profundo ao mundo” por serem oferecidos em formato open source, com potencial de ampliar o acesso internacional à tecnologia.

A China, sustenta o texto, estaria migrando de uma etapa de “catch-up tecnológico” para uma fase de inovação própria, e esse movimento viria acompanhado de um convite para que outros países participem de uma “comunidade de inovação”.

“China Travel” e a estratégia de imagem: turismo, cultura e estereótipos

O Global Times também aponta que 2025 teria sido um ano de efervescência cultural e de maior circulação internacional de pessoas, citando o fenômeno “China Travel”, que “viralizou mundialmente”, e até um novo bordão: “ir para a China depois do trabalho na sexta-feira”. O editorial menciona que estrangeiros vestindo trajes da dinastia Qing teriam se tornado uma cena comum na Cidade Proibida, como símbolo de um interesse crescente pelo país.

O texto ainda afirma que veículos britânicos registraram que cada visitante estrangeiro ajuda a romper estereótipos sobre a China, sugerindo que a circulação de pessoas, bens e cultura estaria contribuindo para projetar ao mundo uma China “real, viva e multifacetada”.

Planejamento estatal e o 15º Plano Quinquenal

No campo econômico e institucional, o editorial destaca o papel do planejamento estatal como uma das principais vantagens estruturais da China. Segundo o jornal, foi realizada com sucesso a quarta sessão plenária do 20º Comitê Central do Partido Comunista da China, que deliberou e aprovou recomendações para a formulação do 15º Plano Quinquenal de Desenvolvimento Econômico e Social, indicando um novo ciclo de estratégia para os próximos cinco anos de “desenvolvimento de alta qualidade”.

O texto volta a citar a pesquisa do Global Times, afirmando que mais de três quartos dos entrevistados estrangeiros teriam uma avaliação positiva da prática chinesa de formular e executar planos quinquenais, tratando esse modelo como “um dos segredos do sucesso” do país.

Expectativa para 2026: crescimento, reformas e abertura

Ao projetar 2026, o editorial defende que o mundo não busca uma narrativa de “soma zero” dominada pelos mais fortes, mas sim uma lógica de “cooperação” baseada em interesses entrelaçados e benefícios mútuos. Nesse contexto, o Global Times afirma que o planeta pode continuar esperando que a China injete “nova certeza” na economia global.

O texto sustenta que, como “principal motor do crescimento mundial”, a China continuará aprofundando reformas e ampliando a abertura, mencionando ajustes tarifários e flexibilização de acesso ao mercado. Também cita a ideia de que quase 90% dos entrevistados declararam confiança no crescimento econômico chinês nos próximos dez anos, e promete que Pequim responderá a essa confiança com resultados concretos.

Ao final, o editorial reconhece que a estrada não será tranquila e que o país pode enfrentar “ondas turbulentas” e até “mares tempestuosos”. Ainda assim, conclui que a China seguirá tecendo, passo a passo, uma “tapeçaria mais vasta e brilhante”, e faz um convite a povos de todo o mundo que desejem paz e desenvolvimento para caminhar junto nessa virada de ano.

Artigos Relacionados