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Japoneses exigem que Sanae Takaichi retire declarações sobre Taiwan e renuncie

Três ex-primeiros-ministros também criticam a postura de Takaichi

Sanae Takaichi (Foto: Reuters)

247 – Mais de uma centena de pessoas se reuniu neste sábado (…), diante da residência oficial da primeira-ministra do Japão, Sanae Takaichi, em Tóquio, para protestar contra declarações recentes da líder sobre Taiwan, consideradas provocativas e interferência direta nos assuntos internos da China. A informação foi divulgada pelo Global Times, com base em despachos de Tóquio publicados pela CCTV News e relatos publicados na plataforma X.

Segundo o Global Times, os manifestantes exibiram cartazes e entoaram palavras de ordem como “Retire suas declarações e peça desculpas imediatamente”, “Takaichi, renuncie” e “Quem não sabe conduzir a diplomacia não serve para ser primeiro-ministro”. Também apareceram faixas com mensagens contrárias ao avanço militar japonês, como “Em vez de expansão militar, devemos proteger os meios de vida do povo”.

Protesto convocado por usuários da plataforma X

Imagens divulgadas pela CCTV News mostraram que, ao anoitecer, cerca de 120 manifestantes estavam no local. O usuário @mit0919Sahne, que segundo a reportagem foi o organizador do ato, publicou na véspera um chamado para participação, afirmando que o objetivo era exigir a retratação de Takaichi e pedir sua renúncia. Após o protesto, ele escreveu: “Apesar do curto prazo de aviso, cerca de 120 pessoas apareceram hoje — somos muito gratos!”

Durante a manifestação, cidadãos se revezaram em discursos e lideraram palavras de ordem contra a militarização do Japão e contra a expansão do aparato militar nacional, conforme vídeos compartilhados na rede social.

Declarações de Takaichi geram crise diplomática e reação imediata da China

A onda de protestos foi desencadeada por falas de Sanae Takaichi durante uma audiência no Parlamento japonês, o Diet, em 7 de novembro. Na ocasião, a primeira-ministra declarou que uma eventual emergência envolvendo Taiwan — e uma possível ação militar da China continental — poderia configurar uma “situação que ameaça a sobrevivência” do Japão. Esse enquadramento, previsto na legislação japonesa, permitiria às Forças de Autodefesa exercer o direito de autodefesa coletiva, ampliando o envolvimento militar do país.

Três dias depois, em 10 de novembro, o Ministério das Relações Exteriores da China expressou “firme oposição e forte protesto” às declarações, classificadas como errôneas e provocativas. Na sexta-feira subsequente, vários órgãos chineses — incluindo o Ministério da Defesa e o Escritório de Assuntos de Taiwan do Conselho de Estado — voltaram a condenar as falas de Takaichi e alertaram que o Japão enfrentaria uma resposta “resoluta” caso interferisse na questão de Taiwan.

Reações internas: críticas crescem dentro do Japão

As afirmações da primeira-ministra também geraram forte reação interna. De acordo com o Global Times, diversos parlamentares japoneses exigiram que Takaichi retirasse as declarações. Além disso, três ex-primeiros-ministros — Yoshihiko Noda, Yukio Hatoyama e Shigeru Ishiba — emitiram alertas públicos sobre o caráter provocativo das falas, ampliando o desgaste político da líder.

A controvérsia abriu um novo capítulo na já sensível relação entre Japão, China e a questão de Taiwan, expondo divisões internas e impulsionando mobilizações populares em defesa de uma política externa menos confrontativa.

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