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Rota China-Argentina redefine laços entre Ásia e América do Sul

Novo corredor aéreo entre Xangai e Buenos Aires aproxima economias, culturas e amplia integração do Sul Global, aponta editorial do Global Times

Aeronave da China Eastern Airlines (Foto: Cedida por China Eastern Airlines)

247 – A inauguração do voo direto entre China e Argentina, operado pela China Eastern Airlines, marca um avanço histórico na conectividade entre Ásia e América do Sul. A análise foi publicada originalmente pelo jornal Global Times, que destacou a dimensão estratégica e simbólica dessa nova ligação aérea entre Xangai e Buenos Aires.

Segundo o editorial, o voo MU745, adornado com símbolos culturais chineses como o dragão e a fênix de jade, aterrissou na capital argentina após cruzar mais de 20 mil quilômetros pelo Pacífico, conectando dois dos pontos antipodais mais distantes do planeta. Para os autores do editorial, a nova rota não representa apenas uma inovação logística: trata-se de um passo concreto na expansão da abertura chinesa e no fortalecimento da cooperação entre países do Sul Global.

Um corredor que encurta distâncias físicas e simbólicas

O texto destaca que a distância histórica entre China e Argentina funcionou, por décadas, como uma barreira natural ao aprofundamento das relações bilaterais. Agora, trajetos que antes pareciam “entre os confins da Terra” passam a ser realizados em menos de dois dias. A mudança não é apenas geográfica: ela aproxima sociedades, culturas, economias e ecossistemas de inovação.

O editorial sublinha que a conexão direta reduz custos, facilita intercâmbios e cria um ambiente favorável ao aumento das relações culturais, comerciais, científicas e esportivas. A presença maior de turistas chineses na América do Sul e de empresas latino-americanas na China tende a gerar novas dinâmicas de confiança e compreensão mútua.

Impulso ao comércio, aos investimentos e às cadeias produtivas

A publicação observa que China e América Latina vêm aprofundando suas relações ao longo da última década, com destaque para setores como agricultura, energia, manufatura, economia digital e infraestrutura. Nesse contexto, a rota direta ganha relevância estratégica:

  •  Para a Argentina, abre-se uma porta mais rápida para a Ásia, “a região econômica mais dinâmica do mundo”, o que pode fortalecer sua recuperação econômica.
  •  Para a China, trata-se de mais um passo para diversificar cadeias produtivas, ampliar sua presença na América Latina e fortalecer a resiliência logística global.
  •  Para a Nova Zelândia, ponto de escala do voo, o modelo cria uma solução “ganha-ganha-ganha”, beneficiando também a economia local.

O editorial observa que todo o ecossistema associado – serviços aeroportuários, logística, turismo, hotelaria e negócios transfronteiriços – tende a crescer e gerar empregos concretos.

Um novo capítulo da conectividade China-América Latina

O Global Times contextualiza a novidade dentro dos avanços recentes da iniciativa Cinturão e Rota na região. Projetos como o corredor marítimo entre Xangai e o Porto de Chancay, no Peru, e novas rotas áreas para países como Cuba, México e Brasil mostram que China e América Latina vêm construindo uma malha integrada de transporte marítimo, terrestre e aéreo que atravessa metade do planeta.

O editorial ressalta que infraestrutura – seja portos, ferrovias ou rotas aéreas – não deve ser vista apenas como transporte, mas como pilares estratégicos que impulsionam a cooperação Sul-Sul, reduzem custos e aumentam a eficiência das trocas internacionais.

Um gesto político em um mundo de incertezas

Em um cenário global marcado por protecionismo crescente e tensões geopolíticas, o editorial sublinha que a nova rota carrega forte simbolismo. Quando bens públicos globais tradicionais são oferecidos de maneira limitada ou condicionada, países do Sul Global buscam construir redes de conectividade mais estáveis, sustentáveis e equitativas.

O lançamento da rota China-Argentina é apresentado como um exemplo de cooperação independente entre países em desenvolvimento, além de um incentivo para que outras nações latino-americanas avancem em projetos semelhantes.

Um voo que conecta muito mais do que dois pontos no mapa

O voo MU745, afirma o editorial, “conecta não apenas China e Argentina, mas também o vasto espaço de desenvolvimento entre Ásia e América do Sul, os dois lados do Pacífico e todo o Sul Global”.

O texto encerra com uma reflexão sobre o sentido profundo dessa iniciativa: o voo encurta distâncias, amplia confiança, abre novas oportunidades e demonstra que, em um mundo incerto, escolhas orientadas pela abertura e pela cooperação tornam-se cada vez mais estratégicas para o futuro comum.

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