Merval já considera Tarcísio carta fora do baralho
Colunista já discute quem substituirá o governador paulista
247 – A decisão do ex-presidente Jair Bolsonaro de escolher o senador Flávio Bolsonaro como seu candidato à presidência redesenhou o tabuleiro político da direita. A avaliação foi feita pelo jornal O Globo, em análise de Merval Pereira, que aponta que essa escolha praticamente retira Tarcísio de Freitas da disputa presidencial.
Segundo o colunista, a indicação de Flávio abre um vácuo para outros nomes que tentem ocupar o espaço que antes era associado ao governador de São Paulo. A mudança preocupa especialmente o mercado financeiro, que enxergam fragilidade na nova aposta da família Bolsonaro e observam que o presidente Lula tende a ser beneficiado por esse erro estratégico.
Mercado rejeita a indicação e eleitores moderados buscam alternativa
O texto destaca que o núcleo bolsonarista, ao trancar as decisões da campanha dentro da própria família, reduz a capacidade de Flávio conquistar setores além da base radical. A direita moderada buscava alguém competitivo, com apoio de Bolsonaro, mas independente o suficiente para governar sem extremismos ou aventuras populistas.
Esse perfil, segundo Merval, parecia encaixar-se inicialmente em Tarcísio de Freitas. Contudo, sua crescente subserviência a Bolsonaro — especialmente em temas como escolas cívico-militares — já incomodava setores da classe média.
A fragilidade política de Flávio Bolsonaro
Flávio não possui experiência administrativa e depende totalmente da estrutura eleitoral do pai. Merval observa que, diferentemente de Jair Bolsonaro, o senador não tem voto próprio. Para o colunista, ele teria facilidade em se eleger senador em diversos estados, assim como Michelle Bolsonaro, que é descrita como tendo “mais brilho pessoal”.
Os demais filhos são retratados como herdeiros que nada acrescentam ao patrimônio político da família. A análise aponta que a prisão de Bolsonaro e a provável derrota de Flávio tendem a encerrar a trajetória da família na política nacional, especialmente se um candidato de direita alcançar o segundo turno contra o presidente Lula.
A busca por um nome competitivo na direita
O colunista afirma que, após o governo Bolsonaro, a sociedade buscava uma alternativa conservadora que não repetisse o radicalismo, ao mesmo tempo em que se diferenciasse de Lula. A esquerda, por sua vez, não deve apresentar outro nome competitivo além do presidente.
Nesse cenário, Merval destaca que há espaço ampliado para candidatos de direita e centro-direita, como:
- Ronaldo Caiado (Goiás)
- Ratinho Junior (Paraná)
- Eduardo Leite (Rio Grande do Sul)
A preferência inicial por Tarcísio indicava esse desejo por um candidato conservador moderado. Mas sua dependência política de Bolsonaro e a entrada de Flávio como nome oficial tornaram o quadro instável.
Centrão vê risco e não se entusiasma
A análise ressalta que o Centrão recebeu com frieza o anúncio de Flávio Bolsonaro. Embora o grupo não seja de extrema-direita, sabe identificar onde está o caminho da vitória — e não o vê na candidatura do senador.
Para Merval, “o Centrão aderiu a Bolsonaro depois de ter recebido o Orçamento da República, e dificilmente aderirão a Flávio em troca do que já controlam”. O ex-presidente já se rendeu ao bloco durante seu governo, e Flávio não teria força para oferecer qualquer avanço adicional.



