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200 pessoas ainda estão desaparecidos após incêndio devastar complexo residencial em Hong Kong

A tragédia, que mobilizou milhares de socorristas, já é considerada a mais letal na cidade em décadas

Complexo de prédios atingido por incêndio em Hong Kong (Foto: Reuters)

247 - Um dos piores incêndios da história recente de Hong Kong continua a revelar números trágicos e levantar suspeitas de negligência grave. Segundo informações publicadas por O Globo e agências internacionais, o total de mortos chegou a 128 nesta sexta-feira (28), após equipes de resgate localizarem dezenas de novos corpos nos prédios destruídos do complexo residencial Wang Fuk Court, no distrito de Tai Po. A tragédia, que mobilizou milhares de socorristas, já é considerada a mais letal na cidade em décadas.

As autoridades informaram que pelo menos 89 vítimas recuperadas ainda não foram identificadas, devido ao estado dos corpos, muitos deles severamente carbonizados. Cerca de 200 pessoas permanecem desaparecidas, o que deve elevar o número de mortos nos próximos dias. O incêndio, iniciado na tarde de quarta-feira, consumiu sete das oito torres do conjunto residencial em poucos minutos, favorecido pela estrutura de andaimes de bambu instalada para obras de renovação.

O Departamento de Serviços de Incêndio relatou que as equipes concentraram as buscas nos apartamentos de onde partiram mais de duas dezenas de ligações de moradores pedindo socorro e que não puderam ser alcançados enquanto o fogo avançava. Segundo o vice-diretor da corporação, Derek Armstrong Chan, identificações realizadas durante a madrugada aumentaram o total de mortos em 34 nas últimas horas.

A intensidade do calor nas torres ainda impede uma inspeção completa. Em algumas áreas, as temperaturas seguem próximas de 199 °C, afirmou o comissário de polícia, Joe Chow. Para conter possível reignição, bombeiros continuam a lançar jatos de água sobre zonas críticas do conjunto habitacional. A operação de combate ao incêndio durou cerca de 24 horas e mobilizou aproximadamente 2,3 mil profissionais. Ao menos 79 pessoas ficaram feridas, incluindo 12 bombeiros. Um deles morreu enquanto combatia as chamas.

Suspeitas de falhas estruturais e irregularidades na reforma
Investigações preliminares apontam que parte dos alarmes de incêndio não funcionou no momento da tragédia, o que, segundo o diretor dos Serviços de Incêndio, Andy Yeung, pode resultar em responsabilizações criminais. A rápida propagação das chamas está relacionada aos andaimes de bambu cobertos por telas de proteção usados na reforma das fachadas — um método tradicional, porém combustível, que favoreceu o avanço do fogo de uma torre para outra.

A gravidade do caso levou a agência anticorrupção de Hong Kong a prender, nesta sexta-feira, oito pessoas ligadas à renovação do complexo. Entre os detidos estão subcontratados responsáveis pelos andaimes, diretores de uma empresa de consultoria de engenharia e gerentes de projeto. A operação incluiu buscas em escritórios e apreensão de documentos e registros bancários. No dia anterior, dois diretores e um consultor da empreiteira responsável pela obra já haviam sido detidos sob suspeita de homicídio culposo.

As autoridades investigam também o uso de materiais inadequados nas reformas. Em uma das torres não atingidas, policiais encontraram painéis de espuma plástica altamente inflamável próximos aos elevadores. A suspeita é de que o material, fora dos padrões de resistência ao fogo, tenha sido instalado pela empresa responsável pelas obras. O motivo ainda é desconhecido.Com o avanço das investigações, cresce a pressão pública por respostas e responsabilizações. Enquanto isso, familiares de desaparecidos aguardam, em meio à angústia, a identificação das vítimas — processo que deverá contar com testes de DNA devido ao estado crítico de muitos corpos. A tragédia expõe falhas estruturais, potenciais irregularidades na execução das obras e a urgência de revisão de normas de segurança em Hong Kong.

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