Incêndio em Hong Kong deixa 128 mortos e expõe falhas graves de segurança em arranha-céus
Chamas destruíram complexo residencial por dois dias; uso de andaimes de bambu e alarmes defeituosos está no centro das investigações
247 - O incêndio que devastou um conjunto de arranha-céus em Hong Kong e deixou pelo menos 128 mortos — o episódio mais letal registrado na cidade em três décadas — foi finalmente controlado na manhã desta sexta-feira (28). As informações são da Redação do g1 e de agências internacionais, que acompanharam a operação de resgate e o avanço das investigações iniciadas pelas autoridades locais.
Segundo o Corpo de Bombeiros e o governo de Hong Kong, as chamas foram consideradas “amplamente extintas” às 10h18, no horário local. O fogo começou na quarta-feira (26) e avançou durante dois dias por um complexo habitacional densamente ocupado no distrito de Tai Po, onde vivem cerca de 4,6 mil pessoas distribuídas em oito torres residenciais — uma delas não chegou a ser atingida.
A tragédia escancarou falhas graves de segurança. Autoridades confirmaram que os alarmes de incêndio não funcionaram corretamente e que a propagação das chamas foi acelerada por telas de construção verdes e por andaimes de bambu instalados para obras de reforma no conjunto. O uso dessa estrutura, tradicional e comum em Hong Kong, virou alvo central das apurações após especialistas alertarem que os materiais utilizados não atendiam aos padrões de segurança contra incêndio.As investigações já resultaram na prisão de três homens ligados à construtora responsável pela obra. Eles são suspeitos de homicídio culposo. A superintendente da polícia, Eileen Chung, afirmou que “temos motivos para acreditar que os responsáveis da empresa foram extremamente negligentes, o que levou a este acidente e fez com que o incêndio se alastrasse descontroladamente, resultando em um grande número de vítimas”.
Equipes policiais estiveram na sede da Prestige Construction & Engineering Company na quinta-feira (27), onde apreenderam documentos e materiais que devem auxiliar na reconstituição dos eventos que antecederam o início das chamas. A empresa realizava reformas externas no complexo residencial.
Além das mortes confirmadas, ao menos 79 pessoas ficaram feridas e outras 200 seguem desaparecidas. Entre os mortos está um bombeiro, de acordo com a BBC. Outros integrantes da corporação também sofreram queimaduras e intoxicação durante o ataque ao incêndio. Um porta-voz dos bombeiros relatou a dificuldade enfrentada pelas equipes para avançar nos prédios tomados pelo calor extremo: havia, segundo ele, “muita preocupação” com a temperatura interna, que impossibilitava a entrada segura para buscas e resgates.Imagens divulgadas por agências internacionais mostram moradores presos nas janelas, colunas de fumaça densa consumindo as fachadas das torres e equipes de emergência tentando acessar áreas bloqueadas pelas chamas que subiam rapidamente pelas telas e andaimes.
O governo local confirmou que as operações de busca foram encerradas, mas ainda trabalha na identificação das vítimas e no levantamento das causas específicas do incêndio. A tragédia reacende o debate sobre a segurança em obras verticais em uma das cidades mais densamente povoadas do planeta, onde arranha-céus residenciais concentram grande parte da população e medidas preventivas inadequadas podem resultar em desastres de grandes proporções.
As autoridades prometem revisar normas de construção, fiscalização de reformas e protocolos de emergência para evitar que um episódio como o de Tai Po volte a ocorrer. A cidade enfrenta agora um luto coletivo, enquanto familiares, sobreviventes e moradores depositam flores e mensagens de homenagem diante das torres carbonizadas — um símbolo da fragilidade estrutural revelada pelo incêndio mais mortal de Hong Kong em décadas.


