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Número de mortos em prédios de Hong Kong aumenta para 55; centenas seguem desaparecidas

As chamas atingiram quatro das oito torres residenciais no distrito de Tai Po, onde vivem cerca de 4,6 mil pessoas

Incêndio em prédios de Hong Kong 26/11/2025 (Foto: Tyrone Siu/Reuters)

247 - O número de mortos no incêndio que atingiu um complexo de arranha-céus em Hong Kong subiu para 55, enquanto centenas de moradores continuam desaparecidos. As informações são da Reuters.  O fogo, que começou na quarta-feira (26), ainda não foi totalmente controlado e já é considerado o mais letal registrado na cidade em 30 anos.

As chamas atingiram quatro das oito torres residenciais no distrito de Tai Po, onde vivem cerca de 4,6 mil pessoas. O cenário descrito pelo Corpo de Bombeiros é de colapso estrutural, altas temperaturas internas e dificuldade de acesso aos andares superiores — o que deixou muitos moradores presos enquanto equipes de resgate tentavam abrir caminho para evacuações.

Segundo o governo, 51 vítimas morreram no local e outras quatro faleceram nos hospitais. Ao menos 72 pessoas ficaram feridas, com queimaduras graves e lesões causadas pela inalação de fumaça. Um bombeiro está entre os mortos. As autoridades estimam que quase 300 pessoas ainda estejam desaparecidas.

Avanço das chamas e falha estrutural nas obras

O Departamento de Bombeiros afirmou ter recebido o chamado às 3h51 (horário de Brasília), mobilizando centenas de agentes. Horas depois, o alerta foi elevado ao nível 5 — o máximo da escala. O governo também deslocou mais 400 policiais para auxiliar no isolamento da área, desvio do trânsito e apoio às buscas.

As primeiras apurações apontam que o fogo se espalhou com rapidez por causa das telas de proteção instaladas na fachada dos prédios e dos andaimes de bambu usados em uma obra de reforma. A polícia afirma que o material não atendia às normas de segurança.

Três homens da empresa responsável pelas obras, a Prestige Construction & Engineering Company, foram presos sob suspeita de homicídio culposo. Segundo a superintendente Eileen Chung, “temos motivos para acreditar que os responsáveis da empresa foram extremamente negligentes, o que levou a este acidente e fez com que o incêndio se alastrasse descontroladamente, resultando em um grande número de vítimas”.

Nesta quinta, policiais realizaram buscas no escritório da construtora e apreenderam documentos e registros que podem auxiliar nas investigações.

Complexo abriga milhares de moradores e é um símbolo urbano da região

As oito torres residenciais ultrapassam 30 andares e abrigam cerca de dois mil apartamentos. Vídeos feitos por moradores mostram chamas intensas subindo pela estrutura externa, enquanto várias pessoas pediam socorro pelas janelas. Segundo um porta-voz dos bombeiros, havia "muita preocupação" com a temperatura interna, que impedia o avanço rápido das equipes e dificultava encontrar sobreviventes.

Diante da dimensão do incêndio, o Departamento de Transportes de Hong Kong fechou trechos da rodovia Tai Po e desviou diversas linhas de ônibus. Dois quarteirões próximos também chegaram a ser isolados.

Histórico de tragédias e alerta sobre uso de bambu

Hong Kong já registra, há décadas, incêndios de grande impacto envolvendo obras e reformas. Em 1996, um fogo causado por soldagem matou 41 pessoas e levou a mudanças nas regras de segurança em prédios altos.

Apesar da modernização, o uso de andaimes de bambu — tradição da arquitetura chinesa — ainda é comum. Entre 2019 e 2024, 22 trabalhadores morreram em acidentes envolvendo esse tipo de estrutura, e pelo menos três incêndios relacionados ao material foram registrados só neste ano, segundo uma associação de vítimas de acidentes industriais.

Agora, autoridades e especialistas defendem revisões urgentes nas normas de trabalho em altura e no controle de materiais inflamáveis utilizados em grandes reformas.

Resgates continuam

Com parte das torres ainda queimando e vários focos de incêndio ativos, o trabalho de resgate segue pelo segundo dia. Bombeiros afirmam que a prioridade é localizar sobreviventes que ainda possam estar presos nos apartamentos. A expectativa é de que o número de vítimas continue subindo nas próximas horas.

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