Acordo Mercosul-UE é adiado para janeiro, diz presidente da Comissão Europeia
Pressão de agricultores na Itália leva União Europeia a postergar formalização do tratado comercial
247 - A assinatura do acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul foi adiada e não ocorrerá mais neste sábado, como inicialmente previsto. A decisão foi comunicada nesta quinta-feira (18) pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, a líderes do bloco europeu, em meio a resistências internas de alguns países, especialmente da Itália. A nova expectativa é que a formalização do pacto fique para janeiro.
A informação foi divulgada inicialmente pelo site Politico e confirmada pela agência de notícias AFP, com base em relatos de dois diplomatas europeus. O adiamento ocorre após uma articulação política envolvendo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, que pediu mais tempo para lidar com pressões do setor agrícola de seu país.
Também nesta quinta-feira (18), Lula afirmou que levaria aos demais integrantes do Mercosul o pedido de Meloni para postergar as tratativas por algumas semanas. Segundo o presidente, o diálogo ocorreu por telefone e teve como foco as dificuldades políticas enfrentadas pela líder italiana diante da oposição de agricultores ao acordo.
“Ela apenas está vivendo um certo embaraço político por conta dos agricultores italianos, mas que ela tem certeza de que é capaz de convencê-los a aceitar o acordo. Ela pediu para que, se a gente tiver paciência, de uma semana, 10 dias, de, no máximo um mês, a Itália estará junto com o acordo”, disse Lula durante entrevista coletiva a jornalistas.
Em nota oficial, o gabinete de Giorgia Meloni confirmou a conversa com o presidente brasileiro e reiterou que o governo da Itália está disposto a assinar o acordo assim que forem apresentadas respostas consideradas satisfatórias às demandas dos agricultores. O comunicado ressalta que esse avanço depende de decisões a serem tomadas pela Comissão Europeia.
A primeira-ministra italiana participa de reuniões com outros líderes europeus em Bruxelas, onde o tema foi incluído na agenda antes da votação prevista para sexta-feira (19) no Conselho da União Europeia. O acordo UE-Mercosul, negociado ao longo de mais de duas décadas, segue enfrentando resistências políticas internas no bloco europeu, apesar do apoio de países sul-americanos.



