Autoritarismo nos EUA: governo Trump prende estudante pró-Palestina em Columbia
Mahmoud Khalil, líder estudantil pró-Palestina, foi detido por agentes do governo Trump em meio a repressão contra protestos universitários
Reuters – Agentes do Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos prenderam Mahmoud Khalil, estudante palestino da Universidade Columbia, em Nova York, no último sábado (9). A informação foi divulgada pelo sindicato dos trabalhadores estudantis da universidade e noticiada pela agência Reuters. Khalil, que cursa pós-graduação na School of International and Public Affairs, era um dos principais negociadores dos estudantes pró-Palestina com a administração da universidade.
A prisão ocorre no contexto das medidas repressivas do governo Trump contra manifestações estudantis pró-Palestina, que se intensificaram após os ataques do Hamas em 7 de outubro de 2023 e a ofensiva militar israelense em Gaza. Khalil foi detido em sua residência universitária, mas até o momento não há informações concretas sobre as razões formais para sua prisão.
Repressão contra estudantes pró-Palestina
Nos últimos anos, estudantes de Columbia têm exigido que a universidade retire investimentos de empresas envolvidas no fornecimento de armas e apoio ao Exército de Israel. Em abril de 2023, manifestantes chegaram a ocupar um prédio da instituição por algumas horas antes da entrada da polícia no campus para dispersar o protesto. Embora não tenha participado diretamente da ocupação, Khalil atuou como mediador entre os manifestantes e a reitoria da universidade.
A prisão do estudante parece estar alinhada à promessa do governo Trump de deportar estudantes estrangeiros envolvidos no movimento pró-Palestina. Na sexta-feira anterior à sua prisão, a administração Trump anunciou o cancelamento de US$ 400 milhões em contratos e subsídios concedidos à Universidade Columbia, sob a justificativa de combater o que classificou como "assédio antissemita" no campus.
"Trump está usando os estudantes como bode expiatório"
Poucas horas antes de sua detenção, em entrevista à Reuters, Khalil expressou preocupação de estar sendo alvo do governo por suas declarações públicas. “O que mais Columbia pode fazer para apaziguar o governo agora?”, questionou. “Chamaram a polícia para prender manifestantes, suspenderam estudantes e funcionários pró-Palestina. Isso não foi suficiente? Trump está usando os manifestantes como bode expiatório para sua agenda maior de ataque à educação superior e ao sistema Ivy League.”
Khalil é residente permanente nos Estados Unidos e casado com uma cidadã americana. Segundo o sindicato estudantil, ele segue detido, mas sua esposa se recusou a comentar o caso.
Críticas e apoio a Khalil
A prisão do estudante gerou forte reação entre seus colegas e ativistas dos direitos civis. Maryam Alwan, colega de Khalil e também ativista palestina-americana, afirmou estar “horrorizada” com a detenção. “Mahmoud é um residente legal nos Estados Unidos, e estou horrorizada porque isso pode ser apenas o começo”, declarou.
Já o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, reforçou que estudantes internacionais que apoiem o Hamas terão seus vistos revogados e poderão ser deportados. O governo americano classifica o Hamas como uma organização terrorista, e a administração Trump tem reforçado políticas que visam reprimir qualquer apoio ao grupo.
Diante da crescente pressão do governo federal, a Universidade Columbia anunciou novas diretrizes sobre a presença de agentes da Imigração no campus. O protocolo revisado afirma que agentes da ICE (Imigração e Fiscalização Alfandegária dos EUA) sem um mandado judicial poderão ser autorizados a entrar na instituição em “circunstâncias emergenciais”, sem especificar quais seriam essas situações.
O sindicato estudantil criticou duramente a postura da universidade, afirmando que ao permitir a entrada de agentes da imigração, Columbia estaria “se rendendo ao ataque do governo Trump contra universidades do país e sacrificando estudantes internacionais para proteger suas finanças”.
Khalil vivia em um apartamento universitário próximo ao campus principal da Universidade Columbia, que segue sob forte vigilância desde os protestos do último ano.
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