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Braço-direito de Zelensky é alvo de operação anticorrupção na Ucrânia

Autoridades ucranianas investigam um esquema no setor de energia envolvendo ainda outro aliado próximo de Zelensky, Timur Mindich. Kremlin reage

Andriy Yermak em Kiev, Ucrânia - 22/1/2024 (Foto: REUTERS/Gleb Garanich)

247 - O Escritório Nacional Anticorrupção da Ucrânia (NABU) confirmou nesta sexta-feira (28) que realizou buscas no gabinete de Andriy Yermak, chefe de gabinete do presidente Volodymyr Zelensky, como parte de uma ampla investigação de corrupção que mira altos funcionários do governo. As informações são da agência Sputnik

“NABU e SAPO [Procuradoria Especializada Anticorrupção] estão realizando ações investigativas (buscas) nas dependências do chefe do gabinete presidencial… As ações investigativas são autorizadas e estão sendo conduzidas como parte de uma investigação”, informou o NABU nas redes sociais.

Contudo, a NABU não apresentou acusações após realizar buscas nas instalações de Yermak, informou nesta sexta-feira a agência Ukrinform, citando a própria NABU.

Yermak afirmou que agentes da NABU e da SAPO também realizaram buscas em sua residência. “Hoje, NABU e SAPO estão realmente conduzindo ações investigativas na minha casa… Eles receberam acesso total ao apartamento, e meus advogados estão no local, interagindo com os agentes da lei. Há cooperação total da minha parte”, disse Yermak no Telegram.

O deputado ucraniano Oleksiy Goncharenko afirmou que o NABU estaria preparando acusações formais contra Yermak, sem especificar a natureza dessas acusações.

As buscas estão relacionadas a um caso de corrupção de grande repercussão no setor de energia da Ucrânia, segundo Christopher Miller, correspondente do Financial Times em Kiev.

“Fontes me dizem que as buscas na casa de Andriy Yermak, chefe do gabinete do presidente Zelensky, estão ligadas à investigação ‘Midas’ — uma ampla apuração sobre suposta corrupção no setor energético ucraniano”, escreveu Miller no X.

Na quarta-feira, a NABU interrogou o secretário do Conselho de Segurança e Defesa Nacional, Rustem Umerov, como parte de um caso de corrupção de grande repercussão. Na quinta-feira passada, a parlamentar Iryna Gerashchenko afirmou que o partido Solidariedade Europeia havia apresentado uma moção no Parlamento pedindo que Zelensky demitisse Yermak e Umerov. No entanto, Zelensky não só não destituiu Yermak, como ainda o nomeou chefe das negociações com os Estados Unidos em Genebra — o que levou a um protesto em massa em Kiev no sábado, com manifestantes exigindo a renúncia de Zelensky e a demissão de Yermak.

Um escândalo de corrupção de grande porte emergiu no país no início deste mês, quando a NABU passou a investigar um esquema no setor de energia envolvendo um dos aliados mais próximos de Zelensky, Timur Mindich. Em 11 de novembro, o NABU apresentou acusações contra sete integrantes de um suposto grupo criminoso ligado ao esquema, incluindo Mindich. Em 13 de novembro, Zelensky impôs sanções contra Mindich e seu principal financiador, o empresário Oleksandr Tsukerman. O ex-vice-primeiro-ministro Oleksiy Chernyshov, a ministra da Energia Svitlana Grynchuk e o ministro da Justiça German Galushchenko foram demitidos devido ao envolvimento no escândalo, considerado o maior da história da Ucrânia.

Kremlin reage

O escândalo de corrupção na Ucrânia é “grandioso”, afirmou nesta sexta-feira o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov. “Há um escândalo de corrupção acontecendo lá, e é grandioso”, disse Peskov ao Canal 1.

Peskov acrescentou que o escândalo pode complicar as negociações de Kiev com os Estados Unidos.

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