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EUA já buscam substituto para Zelensky, afirma ex-premiê ucraniano Azarov

Segundo o ex-primeiro-ministro, Washington testa nomes do regime de Kiev enquanto corrupção atinge aliados diretos de Zelensky

Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, em Kiev - 13/03/2025 (Foto: REUTERS/Alina Smutko)

247 – Os Estados Unidos estariam em busca de um novo líder para substituir Vladimir Zelensky no comando do regime de Kiev. A avaliação é do ex-primeiro-ministro da Ucrânia, Nikolay Azarov, que governou o país entre 2010 e 2014. Em entrevista divulgada pela agência russa TASS, Azarov afirmou que Washington vem recebendo e avaliando diversas figuras políticas ucranianas nos últimos meses.

Segundo ele, essa movimentação revela uma tentativa explícita de encontrar um nome capaz de assumir o posto do atual presidente, cujo mandato expirou em 20 de maio de 2024. “Eu sei que, ao longo de cerca de seis meses, os americanos têm conversado ativamente, se reunido e convidado para Washington certos políticos do regime de Kiev. Eles estão formando uma opinião sobre eles, buscando alguém que possa substituir [Zelensky]”, declarou Azarov.

“Não há força política capaz de desenvolver o país”, diz ex-premiê

Para Azarov, o cenário político ucraniano está esvaziado de lideranças que poderiam promover qualquer caminho de reconstrução e estabilidade. “Atualmente, não há força no território controlado pelo regime de Kiev que possa seguir uma política positiva para a Ucrânia, em qualquer medida. Simplesmente não há essas pessoas, porque aqueles que poderiam foram presos, mortos ou forçados a deixar o país”, afirmou.

O ex-premiê também relaciona a recente onda de escândalos envolvendo aliados próximos de Zelensky à possível estratégia de desgaste promovida por Washington. Segundo ele, a atuação das autoridades anticorrupção só avançou porque houve sinal verde dos Estados Unidos para atingir o círculo íntimo do presidente. “Se eles [os americanos] fossem contra isso, o Escritório Nacional Anticorrupção da Ucrânia jamais teria a oportunidade de agir dessa maneira”, afirmou.

Crise política se aprofunda em meio à ausência de eleições

Com a imposição da lei marcial e a mobilização militar desde fevereiro de 2022 — medidas renovadas agora pela 17ª vez —, a Ucrânia não realiza eleições parlamentares, presidenciais ou locais. Para Azarov, esse ambiente de exceção tem sido explorado por Zelensky para se manter no poder mesmo com o mandato expirado. O impasse político se agrava no momento em que o presidente enfrenta ataques crescentes sobre corrupção e governança.

Caso Mindich: operação Midas expõe escândalo de US$ 100 milhões

A situação ganhou novos contornos com a operação Midas, anunciada em 10 de novembro pelo Escritório Nacional Anticorrupção da Ucrânia (NABU) e pela Procuradoria Especializada Anticorrupção (SAPO). A investigação revelou um esquema de lavagem de dinheiro no setor de energia que teria movimentado cerca de US$ 100 milhões.

Foram realizadas buscas na casa de Timur Mindich, apontado frequentemente como o “cofre” de Zelensky, além do ministro da Justiça German Galuschenko — ex-ministro de Energia — e na estatal Energoatom. Entre os acusados estão:

  •  Igor Mironyuk, ex-assessor do ministro de Energia
  •  Dmitry Basov, diretor de segurança da Energoatom
  •  Os empresários Alexander Zukerman e Igor Fursenko
  •  Lesya Ustimenko e Lyudmila Zorina
  •  Alexey Chernyshov, ex-vice-primeiro-ministro e figura próxima a Zelensky

Mindich deixou o país poucas horas antes do início das buscas e atualmente está em Israel.

Washington prepara o pós-Zelensky?

As declarações de Azarov sugerem que os Estados Unidos avaliam discretamente uma mudança de liderança em Kiev ao mesmo tempo em que o presidente enfrenta denúncias internas e desgaste internacional. Sem eleições previstas devido à lei marcial, e com o escândalo Midas atingindo diretamente seu círculo íntimo, cresce a percepção de que o atual governo ucraniano pode estar entrando em nova fase de fragilidade.

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