Brasil é mais interessante que Rússia para Washington, diz analista sobre nova estratégica dos EUA
Documento de Trump deixa de classificar a Rússia como ameaça direta e aponta mudança de foco geopolítico de Washington
247 - O Brasil passou a ocupar uma posição de maior interesse estratégico para os Estados Unidos do que a própria Rússia, segundo avaliação do diretor de pesquisa do Clube Valdai de Discussões Internacionais, Fyodor Lukianov. A análise foi publicada originalmente pela Sputnik Brasil, a partir da divulgação da nova Estratégia de Segurança Nacional dos EUA, tornada pública no dia 5.
De acordo com Lukianov, o novo documento apresenta mudanças consideradas relativamente positivas para a Rússia, especialmente ao reduzir o tom de confronto adotado anteriormente por Washington. A Estratégia deixa de classificar a Rússia como uma “ameaça direta” à segurança dos Estados Unidos e passa a reconhecer que a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) não deve mais funcionar como uma estrutura de expansão ilimitada.
Segundo o analista, essas alterações representam um afastamento da diretriz anterior, que contribuiu para o agravamento das tensões e para o conflito na Ucrânia. No entanto, ele alerta que esse reposicionamento não significa uma política externa mais moderada por parte dos Estados Unidos.
“Os EUA passam para as posições de egoísmo duro e não limitado por nada. Se eles veem algum interesse, eles vão o perseguir com quaisquer meios, incluindo os insolentes.”
Ainda segundo Lukianov, a redução do interesse estratégico direto em relação à Rússia não indica uma diminuição da postura agressiva global de Washington, mas sim uma redistribuição de prioridades.
“Simplesmente há menos de tais interesses na direção da Rússia que na direção da China, países europeus ou Brasil.”
A declaração indica que o Brasil passa a ocupar uma posição de maior relevância dentro da nova arquitetura de poder traçada pelos Estados Unidos, ao lado da China e dos principais países europeus. Essa mudança sinaliza que o foco geopolítico norte-americano se desloca cada vez mais para regiões e países considerados estratégicos do ponto de vista econômico, político e tecnológico.



