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Congresso dos EUA promete supervisão rigorosa das operações militares de Trump no Caribe

Bipartidários afirmam que ações do presidente aproximam o país de uma guerra contra a Venezuela

Porta-aviões Gerald Ford (Foto: International Press)

247 – Em um raro alinhamento bipartidário, congressistas democratas e republicanos anunciaram que exercerão “supervisão rigorosa” sobre as operações militares ordenadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no mar do Caribe, diante da costa venezuelana. As informações foram publicadas originalmente pelo jornal teleSUR, que divulgou notas oficiais dos legisladores das duas câmaras do Congresso.

O anúncio ocorre após revelações sobre uma operação militar realizada em 2 de setembro, na qual o secretário de Guerra dos Estados Unidos, Pete Hegseth, teria ordenado matar todos os envolvidos em um suposto barco que transportava narcóticos. Um segundo ataque teria sido executado para eliminar sobreviventes que estavam na água — episódio já classificado por parlamentares democratas como possível “crime de guerra”.

Comitês das Forças Armadas exigem esclarecimentos imediatos

O presidente do Comitê de Serviços Armados da Câmara, o republicano Mike Roger, e o membro democrata de maior hierarquia, Adam Smith, divulgaram uma nota conjunta afirmando que o colegiado está comprometido em “proporcionar uma supervisão rigorosa das operações militares do Departamento de Guerra no Caribe”.

Em sua declaração oficial, ambos afirmaram literalmente: “Nós levamos a sério os relatos de ataques posteriores contra barcos que supostamente transportavam narcóticos na região do Comando Sul e estamos tomando medidas bipartidárias para reunir um relatório completo sobre a operação em questão.”

No Senado, o republicano Roger Wicker e o democrata Jack Reed seguiram a mesma linha. Em comunicado, declararam: “O Comitê está ciente das recentes reportagens e da resposta inicial do Departamento de Guerra sobre os supostos ataques posteriores contra embarcações suspeitas de transportar narcóticos na área de responsabilidade do Comando Sul.”

Eles acrescentaram ainda: “O Comitê das Forças Armadas do Senado encaminhou investigações ao Departamento e realizaremos uma supervisão rigorosa para determinar os fatos relacionados a essas circunstâncias.”

Com base nos protocolos legislativos, o secretário Pete Hegseth deverá ser convocado a comparecer aos comitês para prestar explicações detalhadas sobre a operação.

Schumer alerta que Trump conduz os EUA para “outra guerra custosa”

O líder democrata no Senado, Chuck Schumer, foi ainda mais contundente ao denunciar o avanço militar ordenado por Donald Trump em direção à Venezuela.

Em mensagem publicada na rede X, Schumer afirmou literalmente: “As ações imprudentes do presidente Trump em relação à Venezuela estão levando os Estados Unidos cada vez mais perto de outra guerra custosa no exterior.”

Ele ressaltou que, segundo a Constituição dos EUA, somente o Congresso pode declarar guerra, destacando: “De acordo com nossa Constituição, o Congresso tem a autoridade exclusiva de declarar guerra — não o presidente — e o Congresso não autorizou o uso da força militar contra a Venezuela.”

Em seguida, o senador criticou o desgaste repetido das intervenções externas conduzidas por Washington: “Os norte-americanos estão cansados das guerras intermináveis no exterior, que custam a vida de inúmeros militares e drenam recursos valiosos. Isso não é uma política de ‘Estados Unidos Primeiro’.”

Schumer concluiu apelando por união bipartidária: “Precisamos que republicanos e democratas no Congresso se unam para devolver ao povo o poder de declarar guerra.”

Pressão política cresce e aumenta o cerco às ações de Trump

As declarações de parlamentares das duas casas reforçam o clima de tensão em Washington diante das denúncias sobre a operação no Caribe. A possibilidade de que militares norte-americanos tenham executado sobreviventes amplia a gravidade das acusações e coloca o governo Trump sob forte fiscalização institucional.

O episódio reacende o debate sobre o controle civil do poder militar e sobre o risco de escalada de confrontos com a Venezuela, num momento em que o Caribe volta a ser palco de disputas estratégicas entre Washington e Caracas.

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