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Como as iniciativas da China estão pavimentando um novo caminho para um mundo melhor

Agência Xinhua faz balanço das ações chinesas em política externa

As iniciativas chinesas em política externa contribuem para a paz e o desenvolvimento (Foto: CGTN)

247 - A China voltou a colocar no centro do debate internacional um pacote de propostas que oferece um caminho integrado para enfrentar a pobreza, os conflitos, tensões culturais e fragilidades institucionais que marcam a ordem global. O conjunto reúne a Iniciativa Global para o Desenvolvimento (GDI), a Iniciativa Global para a Segurança (GSI), a Iniciativa Global para a Civilização (GCI) e, mais recentemente, a Iniciativa de Governança Global (GGI), apresentada como marco político em 1º de setembro de 2025.

A avaliação foi detalhada em reportagem da agência Xinhua, publicada no último domingo (21), que descreve as quatro iniciativas como uma estrutura “holística” para a construção de uma “comunidade com um futuro compartilhado para a humanidade”.

Uma arquitetura em quatro frentes

De acordo com o texto, cada iniciativa pretende responder a uma dimensão considerada essencial para a cooperação internacional: a GDI, como base material do desenvolvimento; a GSI, como mecanismo de estabilidade; a GCI, como estratégia de entendimento entre civilizações; e a GGI, como proposta de “arquitetura institucional” para corrigir falhas do sistema multilateral.

Nesse contexto, a Xinhua destaca que o secretário-geral da ONU, António Guterres, avaliou que as iniciativas apresentadas pela China “são totalmente compatíveis com a Carta da ONU”.

Desenvolvimento global e a defesa da GDI

O texto associa a defesa da GDI à percepção de estagnação da Agenda 2030. Segundo os dados citados, apenas cerca de 35% das 169 metas estariam no caminho de cumprimento, enquanto quase metade avançaria lentamente e 18% teriam retrocedido. A reportagem também aponta agravamento de indicadores sociais e digitais, mencionando que 2,6 bilhões de pessoas ainda estariam sem acesso à internet.

A agência sustenta que guerras, conflitos e sanções unilaterais pressionam a segurança alimentar e as condições de vida, ao mesmo tempo em que barreiras tecnológicas e comerciais ampliariam a desigualdade entre países. Nesse cenário, a GDI é apresentada como tentativa de romper um modelo em que “grandes potências dominam” e nações menores se tornam dependentes.

Infraestrutura, cooperação e exemplos citados

A Xinhua lista plataformas e instrumentos associados ao esforço chinês, como a Iniciativa Cinturão e Rota, o Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura e o Novo Banco de Desenvolvimento. Entre os exemplos, menciona um centro de demonstração de tecnologia agrícola China-África, com aumento médio de produtividade entre 30% e 60%, e a ferrovia China–Laos, apresentada como responsável por reduzir custos logísticos em mais de 30% e criar mais de 100 mil empregos.

A reportagem também cita centros de inovação China–Brasil, associados a ações de proteção ambiental e ampliação do acesso à energia limpa em comunidades remotas.

Segurança global e o discurso contra a lógica de blocos

Ao tratar da GSI, o texto afirma que o mundo vive a maior turbulência desde o fim da Guerra Fria e defende uma visão de segurança “ganha-ganha”, voltada a “eliminar as causas profundas” dos conflitos e aprimorar a governança da segurança global. A reportagem critica a busca de “segurança absoluta” e associa essa postura à “lei da selva”, argumentando que a interdependência atual tornaria inviável a ideia de isolamento.

Nesse trecho, a Xinhua atribui a Xi Jinping uma crítica direta ao confronto geopolítico: “a mentalidade da Guerra Fria só prejudicaria a estrutura de paz global, o hegemonismo e a política de poder só colocariam em risco a paz mundial, e o confronto entre blocos só exacerbaria os desafios de segurança no século XXI”.

Civilizações, diálogo e a resposta ao “choque”

Na parte dedicada à GCI, o texto afirma que teorias de “choque de civilizações” e “superioridade civilizacional” alimentariam tensões entre países, com impacto sobre desigualdades e sobre as regras internacionais. Como contraponto, a iniciativa é resumida em quatro princípios: respeito à diversidade civilizacional, defesa de valores comuns, valorização de herança e inovação e fortalecimento de intercâmbios entre povos.

A reportagem destaca uma declaração atribuída a Xi: “O mundo em que vivemos é diverso e colorido. A diversidade é o que torna a civilização humana o que ela é e fornece uma fonte constante de vitalidade e força motriz para o desenvolvimento mundial”.

Governança global

A iniciativa mais recente, a GGI, é apresentada como resposta a um “déficit de governança” e à percepção de que normas internacionais seriam definidas por poucos atores, com sub-representação do Sul Global. A reportagem afirma que a proposta defende igualdade soberana e o direito de todos os países participarem da governança global, além de reforçar o multilateralismo e os princípios da Carta da ONU.

Ao ilustrar essa visão, a Xinhua destaca uma metáfora atribuída a Xi Jinping: “Os países ao redor do mundo são como passageiros a bordo do mesmo navio, que compartilham o mesmo destino. Para que o navio navegue pela tempestade e siga rumo a um futuro brilhante, todos os passageiros devem remar juntos. A ideia de jogar alguém ao mar é simplesmente inaceitável”.

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