Crítica de Trump à Rússia revela impasses nas negociações para acabar guerra na Ucrânia
Presidente dos EUA se diz frustrado com a continuidade dos bombardeios russos
247 - Em meio à intensificação dos combates na Ucrânia, o presidente dos EUA, Donald Trump, apelou neste domingo (27) para que a Rússia interrompa imediatamente seus ataques ao país vizinho. A informação foi publicada originalmente pela agência Reuters, em reportagem assinada por Steve Holland e Jarrett Renshaw.
Falando a jornalistas em Morristown, Nova Jersey, Trump relatou ter tido uma reunião produtiva com o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskiy, no Vaticano, no sábado, durante a cerimônia fúnebre do Papa Francisco. “Eu o vejo mais calmo. Acho que ele entende o cenário e quer fechar um acordo”, afirmou Trump sobre o líder ucraniano.
No entanto, o cenário para as negociações de paz continua delicado. O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, advertiu que o governo americano pode abandonar seus esforços diplomáticos caso não haja avanços concretos. “Isso precisa acontecer logo. Não podemos continuar a dedicar tempo e recursos a esse esforço se ele não der frutos”, disse Rubio, em entrevista ao programa "Meet the Press", da NBC.
Após a reunião com Zelensky, Trump criticou publicamente o presidente russo, Vladimir Putin. Pelas redes sociais, o presidente americano declarou que "não há razão" para a Rússia continuar disparando mísseis contra áreas civis.
Enquanto isso, em entrevista exibida no programa "Face the Nation", da CBS, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, defendeu as ações militares de seu país. Questionado sobre ataques que mataram civis em Kiev, Lavrov respondeu que “o alvo atacado não era algo absolutamente civil” e que as forças russas têm como objetivo apenas "locais usados pelos militares".
O presidente Zelenskiy, por sua vez, informou que, somente no domingo, a Rússia realizou quase 70 ataques. Em mensagem publicada no Telegram, ele alertou: “A situação na frente de batalha e a atividade real do exército russo provam que atualmente não há pressão suficiente do mundo sobre a Rússia para acabar com esta guerra”.
As negociações enfrentam novos obstáculos depois que autoridades ucranianas e europeias rejeitaram algumas propostas apresentadas pelos EUA para encerrar o conflito. As sugestões americanas incluíam o reconhecimento do controle russo sobre a Crimeia, anexada em 2014, e sobre outras regiões ocupadas. Já a proposta europeia e ucraniana prevê adiar a discussão territorial até que um cessar-fogo seja estabelecido.
O ministro da Defesa da Alemanha, Boris Pistorius, foi categórico ao criticar a proposta norte-americana. Segundo ele, o plano vai "longe demais" ao ceder territórios em troca de uma trégua, e a Ucrânia não deveria aceitá-lo.
Dentro dos EUA, a condução de Trump também gera preocupações. O senador democrata Chuck Schumer, líder da maioria no Senado, declarou no programa "Estado da União", da CNN: “Simplesmente abandonar a Ucrânia, depois de todo o sacrifício que eles fizeram, depois de tantas perdas de vidas e com a mobilização de todo o Ocidente contra Putin, seria uma tragédia moral”.
Apesar das tensões, o conselheiro de segurança nacional Mike Waltz garantiu que Trump permanece comprometido em buscar uma solução negociada. “O presidente expressou sua frustração tanto com Putin quanto com Zelensky, mas está determinado a ajudar a fechar um acordo”, afirmou Waltz, acrescentando que uma futura negociação sobre minerais de terras raras está nos planos.
As próximas semanas serão decisivas para determinar se a diplomacia ainda pode prevalecer diante da escalada militar e das divergências profundas entre os aliados.
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