Entenda o que acontece no Cazaquistão
Com a saída do primeiro-ministro, um novo gabinete ministerial precisa ser formado
247 - Em meio às fortes manifestações de rua que ocorrem no Cazaquistão, o presidente do país, Kassym-Jomart Tokayev, aceitou a renúncia do primeiro-ministro, Askar Mamin. Ambos são do partido Nur-Otan. Manifestações em vários locais do país eclodiram no dia 2 de janeiro contra o aumento nos preços dos combustíveis.
Com a saída do primeiro-ministro, um novo governo, isto é, um novo gabinete ministerial precisa ser formado. No entanto, o atual gabinete informou que “os membros do governo continuarão a exercer as suas funções até a formação da sua nova composição”. Por enquanto, Alikhan Smailov, do mesmo partido, foi nomeado premiê interino.
Manifestações massivas
No sábado, 1º, o presidente Tokayev restaurou o preço de mercado do Gás Liquefeito de Petróleo (GLP). Os preços dispararam, inicialmente subindo de cerca de 60 tenges para 80 e depois até 120 tenges (cerca de US$3) por litro, levando manifestantes às ruas contra a nova política governamental. Durante anos, o preço dos combustíveis foram subsidiados pelo governo para controlar os preços.
Os primeiros focos de manifestações foram regiões importantes da produção petroleira do país, como Janaozen e Aktau. Segundo reportagem do Diário Causa Operária, “a economia dessas regiões do sudoeste do país está intimamente ligada ao petróleo e ao gás, e esta não é a primeira vez que a agitação eclodiu na área”.
“Em 2011, Janaozen viu uma manifestação em massa de pessoas engajadas no setor que se transformou em protestos violentos e custou 15 vidas e deixou centenas de feridos. Agora, a mesma região está enfrentando protestos novamente, com os apelos para reduzir os preços do gás evoluindo para demandas políticas, como a introdução de eleições para os chefes das regiões e cidades do país e o retorno da Constituição de 1993”, diz a notícia.
No entanto, os protestos já chegaram na capital, Nur-Sultan, e na principal cidade, Almaty, que concentra quase 10% da população do país e onde houve queima de carros e conflitos com a polícia e as forças armadas.
Pelo menos 137 policiais e 53 civis ficaram feridos durante protestos em massa em Almaty, quando manifestantes tentavam invadir o gabinete do prefeito e os policiais tentavam contê-los. O gabinete do prefeito foi incendiado pelos manifestantes, e tiros também foram ouvidos perto do prédio.
O estado de emergência foi introduzido no país e deverá permanecer em vigor até 19 de janeiro. Em todo o país, mais de 200 pessoas foram detidas, segundo o Ministério do Interior.
Recuo do governo
Diante da situação radicalizada, o presidente do país se reuniu com membros do governo e ordenou o reestabelecimento dos controles de preços do GLP, gasolina e diesel por 180 dias, introduzindo ainda a regulamentação de preços para produtos alimentícios “socialmente significativos”.
Com o país profundamente afetado pela crise econômica mundial, com uma população empobrecida, o governo também desenvolveu uma lei de falência pessoal. Tokayev pediu que fosse considerado o congelamento das tarifas de serviços públicos para a população por 180 dias e o subsídio de aluguel para pessoas socialmente vulneráveis.
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