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EUA apoiam Japão contra a China em meio a tensão regional

Washington reforça apoio a Tóquio após episódio próximo a Okinawa que elevou o alerta militar no Leste Asiático

Agentes de segurança vigiam sob as bandeiras dos EUA e do Japão enquanto o presidente americano Donald Trump parte do Aeroporto de Haneda rumo à Coreia do Sul, em Tóquio, Japão, em 29 de outubro de 2025. REUTERS/Evelyn Hockstein. (Foto: Reuters)

247 - O governo norte-americano criticou a China por ter direcionado radares de disparo contra aeronaves japonesas durante um exercício militar na semana passada. O episódio, que ocorreu na região das ilhas de Okinawa, agravou tensões já elevadas entre Pequim e Tóquio, especialmente após recentes declarações hostis da primeira-ministra japonesa, Sanae Takaichi, sobre uma possível resposta japonesa a um “ataque chinês a Taiwan”.

O Departamento de Estado dos EUA afirmou que “as ações da China não contribuem para a paz e a estabilidade regional”, classificando o incidente como um novo ponto de preocupação no tabuleiro geopolítico asiático. O porta-voz reforçou ainda que “a aliança EUA-Japão está mais forte e unida do que nunca” e que Washington mantém coordenação constante com Tóquio sobre o episódio.

Em resposta, o secretário-chefe do Gabinete japonês, Minoru Kihara, disse que os comentários norte-americanos “demonstram a forte aliança entre os EUA e o Japão”, destacando a importância do apoio internacional diante do que o governo japonês encara como movimentos cada vez mais arriscados de Pequim.

Um dos incidentes mais sérios dos últimos anos

O confronto do último sábado marcou, segundo autoridades japonesas, o episódio mais grave envolvendo forças militares do Leste Asiático em anos. Aviões chineses teriam apontado seus radares de tiro para caças japoneses, numa manobra considerada ameaça direta, pois indica preparo para ataque e costuma obrigar a aeronave visada a executar manobras evasivas. Tóquio classificou a ação como “perigosa”.

Pequim apresentou outra versão: afirmou que aviões japoneses se aproximaram repetidamente e teriam perturbado operações de treinamento aéreo previamente anunciadas pela marinha chinesa, que envolviam exercícios com porta-aviões a leste do Estreito de Miyako.

Em Taipei, a autoridade taiwanesa Lai Ching-te avaliou o comportamento chinês como “muito inadequado”. Ele afirmou: “Apelamos também à China para que demonstre a responsabilidade que convém a uma grande potência. A paz não tem preço; a guerra não tem vencedores. A paz deve ser promovida por todas as partes, e a China partilha desta responsabilidade”.

Relação China-Japão se deteriora rapidamente

O clima diplomático piorou no mês passado, quando Sanae Takaichi declarou ao parlamento japonês que um eventual ataque chinês a Taiwan poderia configurar uma “situação de risco de sobrevivência”, gatilho legal para permitir que Tóquio responda militarmente em defesa da ilha. A China exigiu retratação, acusou o Japão de ameaças militares e alertou seus cidadãos a evitar viagens ao país vizinho.

No contexto da disputa, o embaixador dos EUA no Japão, George Glass, manifestou apoio a Tóquio em diversas postagens nas redes sociais.

O episódio revela como o equilíbrio estratégico no Indo-Pacífico segue delicado, com impactos diretos sobre a segurança regional e sobre a já volátil relação entre China, Japão, Taiwan e Estados Unidos.

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