Filhos de Imran Khan denunciam isolamento e temem por sua sobrevivência
Família afirma que ex-primeiro-ministro do Paquistão pode estar sofrendo danos irreversíveis após semanas sem provas de vida
247 – O ex-primeiro-ministro do Paquistão, Imran Khan, está há mais de três semanas sem qualquer evidência de que continua vivo, segundo denunciaram seus filhos em declarações enviadas à Reuters nesta segunda-feira (1º).
A reportagem da Reuters destaca que, apesar de uma ordem judicial que autoriza visitas semanais à prisão, todas as visitas continuam bloqueadas, ampliando rumores sobre o estado de saúde de Khan, preso desde agosto de 2023.
“Não saber se seu pai está seguro, ferido ou mesmo vivo é uma forma de tortura psicológica”
Em declarações escritas à agência, Kasim Khan, um dos filhos do líder paquistanês, relatou o desespero da família diante da falta total de informações. Ele afirmou:
“Não saber se seu pai está seguro, ferido ou mesmo vivo é uma forma de tortura psicológica.”
Kasim acrescentou que não há nenhuma comunicação verificável há meses, o que alimenta temores profundos:
“Hoje não temos qualquer informação verificável sobre a condição dele. Nosso maior medo é que algo irreversível esteja sendo escondido de nós.”
A família também insiste para que o médico pessoal de Khan possa examiná-lo, o que não ocorre há mais de um ano. Nenhum dos pedidos foi atendido.
O Ministério do Interior do Paquistão não respondeu aos questionamentos. Um funcionário da prisão, que falou sob condição de anonimato à Reuters, declarou que Khan “está com boa saúde” e disse não ter conhecimento de qualquer plano para transferi-lo a uma instalação de segurança máxima.
Condenações políticas e apagamento da imagem pública
Khan, de 72 anos, cumpre diversas sentenças impostas após sua destituição por voto parlamentar em 2022, em processos que ele considera politicamente motivados. Entre as condenações estão:
- acusações de venda ilegal de presentes oficiais no caso Toshakhana
- 10 anos por suposto vazamento de um cabo diplomático
- 14 anos em um processo de corrupção relacionado ao Al-Qadir Trust
Seu partido, o Pakistan Tehreek-e-Insaf (PTI), afirma que as ações judiciais têm como objetivo eliminar Khan da vida pública.
A família denuncia um processo deliberado de isolamento: emissoras de TV teriam recebido instruções para não mostrar o nome nem a imagem do ex-primeiro-ministro. A única foto recente disponível é uma imagem desfocada tirada em um tribunal.
“Esse isolamento é intencional.”, disse Kasim.
“Eles têm medo dele. Ele é o líder mais popular do Paquistão e sabem que não podem derrotá-lo democraticamente.”
Memória do atentado e a angústia de semanas sem notícias
Kasim e o irmão Suleiman Isa Khan, que moram em Londres com a mãe, Jemima Goldsmith, raramente comentam sobre política. Eles contam que a última vez em que viram o pai foi em novembro de 2022, após ele sobreviver a uma tentativa de assassinato.
“Aquela imagem ficou comigo desde então. Ver nosso pai naquele estado é algo que você não esquece.”
Com a ausência total de notícias, a lembrança ganha novo peso:
“Agora, depois de semanas de silêncio absoluto e nenhuma prova de vida, essa memória carrega um peso diferente.”
Apelos internacionais e alerta de emergência humanitária
A família afirmou estar buscando recursos jurídicos no Paquistão e pressionando organismos internacionais de direitos humanos para recuperar o acesso ao líder.
“Isso não é apenas uma disputa política.”, disse Kasim.
“É uma emergência de direitos humanos. A pressão precisa vir de todos os lados. Nós tiramos força dele, mas precisamos saber que ele está seguro.”
Segundo os filhos, a situação ultrapassou o campo político e se tornou uma questão urgente de proteção à vida e à integridade física de Imran Khan.



