União Africana expulsa embaixador de Israel em evento; país fala em "hostilidade"
Diplomata israelense foi removido de cerimônia em Ruanda a pedido do presidente da Comissão da UA, em meio a tensões sobre a guerra em Gaza
247 - O embaixador de Israel na União Africana (UA), Avraham Nigusse, foi expulso de um evento oficial da organização continental nesta semana. A informação foi divulgada pela agência Associated Press, que conversou com fontes da diplomacia africana e israelense sob condição de anonimato.
A cerimônia, realizada em Kigali, capital de Ruanda, marcava o aniversário do genocídio de 1994, que matou aproximadamente 800 mil pessoas em apenas 100 dias. Segundo a AP, a expulsão do embaixador foi determinada por Mahmoud Youssouf, atual presidente da Comissão da União Africana e ex-ministro das Relações Exteriores do Djibuti. A assessoria de Youssouf não respondeu aos pedidos de comentário.
Em postagem nas redes sociais, Nigusse acusou o dirigente da UA de instrumentalizar politicamente o evento. “O novo presidente da Comissão da União Africana escolheu introduzir elementos políticos anti-Israel”, escreveu o diplomata. Para ele, a decisão “revela um profundo desconhecimento das histórias tanto do povo ruandês quanto do povo judeu”. Nigusse também afirmou que sua presença havia sido solicitada pelo governo de Ruanda.
Um diplomata baseado na sede da União Africana, em Adis Abeba, na Etiópia, declarou à AP que a remoção ocorreu porque Israel não possui mais status de observador na organização. O país havia recuperado esse status em 2021, após quase 20 anos de afastamento devido ao conflito com os palestinos, mas a decisão foi suspensa novamente em 2023 e está sob análise de um comitê de chefes de Estado africanos, que ainda não chegou a um veredicto.
No ano passado, um diplomata israelense já havia sido retirado de um encontro da União Africana por não apresentar credenciais válidas, em um sinal de que a presença israelense no bloco vinha sendo contestada.
A União Africana mantém relações históricas de proximidade com os palestinos, que frequentemente participam de reuniões e conferências do bloco. O cenário se agravou com a intensificação da ofensiva militar israelense sobre a Faixa de Gaza, que voltou a ser bombardeada em março de 2025, após o rompimento de um cessar-fogo. Segundo o Ministério da Saúde do território, mais de 50 mil palestinos foram mortos desde o início do conflito.
A tensão diplomática entre Israel e países africanos se intensificou ainda mais após a África do Sul, membro proeminente da UA, acionar a Corte Internacional de Justiça em Haia, acusando Israel de genocídio em Gaza — denúncia que o governo israelense classificou como "ultrajante".
❗ Se você tem algum posicionamento a acrescentar nesta matéria ou alguma correção a fazer, entre em contato com redacao@brasil247.com.br.
✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.
iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular
Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista: