Israel destruiu mais de 1,5 mil prédios em Gaza após início de cessar-fogo com o Hamas
Demolições israelenses ocorrem atrás da Linha Amarela e ameaçam plano de paz dos EUA para a região
247 - Imagens de satélite analisadas pela BBC Verify e divulgadas nesta terça-feira (12) mostram que Israel demoliu mais de 1.500 edifícios em regiões de Gaza sob seu controle desde o início do cessar-fogo com o Hamas, em 10 de outubro. Segundo o jornal O Globo, as fotos mais recentes, capturadas em 8 de novembro, evidenciam bairros inteiros arrasados, com indícios de destruição por demolições controladas.
De acordo com a reportagem, o número real de construções destruídas pode ser ainda maior, já que nem todas as áreas contam com registros atualizados. Especialistas alertam que as ações podem representar violação dos termos do cessar-fogo mediado pelos Estados Unidos, Egito, Catar e Turquia. O governo israelense, em resposta, afirma que atua “de acordo com o acordo de cessar-fogo” e que as demolições fazem parte do “desmantelamento da infraestrutura terrorista”.
Destruição além da Linha Amarela
A investigação da BBC, segundo O Globo, mostra que a maior parte das demolições ocorreu atrás da chamada Linha Amarela, área definida como limite para a retirada das forças israelenses. Imagens de regiões como Abasan al-Kabira e Al Bayuk revelam casas, pomares e jardins completamente devastados, mesmo em locais onde não havia sinais prévios de danos estruturais.
O professor Adil Haque, da Universidade Rutgers, afirmou que as práticas israelenses podem configurar violação das leis da guerra. “Essas ações, se confirmadas, configuram uma afronta direta ao direito internacional humanitário”, disse o especialista.
Plano de paz dos EUA sob ameaça
Outros analistas alertam que a continuidade dessas operações pode minar o plano de paz de 20 pontos proposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que previa a suspensão completa das ações militares e a supervisão internacional da desmilitarização de Gaza.
Para o pesquisador Hugh Lovatt, do Conselho Europeu de Relações Exteriores, a conduta israelense ameaça os esforços diplomáticos. “A permanência prolongada de Israel atrás da Linha Amarela e a destruição contínua de edifícios civis ameaçam a sobrevivência do cessar-fogo e do próprio plano de paz”, afirmou.



