Marco Rubio ameaça abandonar negociações pelo fim da guerra na Ucrânia
Secretário de Estado Marco Rubio alerta que presidente Donald Trump não manterá negociações indefinidamente caso não haja avanços concretos
247 - O governo dos Estados Unidos está prestes a encerrar sua tentativa de intermediar um acordo de paz entre Rússia e Ucrânia, caso não surjam sinais concretos de progresso nos próximos dias. Segundo a Reuters, a informação foi dada nesta sexta-feira (18) pelo secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, em declarações feitas após encontros com líderes europeus e ucranianos em Paris.
Rubio foi enfático ao afirmar que o governo liderado pelo presidente dos EUA, Donald Trump, não pretende prolongar indefinidamente o processo de negociações. “Não vamos continuar com essa empreitada por semanas e meses a fio. Portanto, precisamos determinar muito rapidamente agora, e estou falando de uma questão de dias, se isso será ou não viável nas próximas semanas. Se for, estamos dentro. Se não for, temos outras prioridades para focar também”, disse o chefe da diplomacia norte-americana, em pronunciamento após uma série de reuniões realizadas na capital francesa.
O alerta de Rubio é interpretado como um sinal de impaciência crescente da Casa Branca diante da estagnação das conversas de paz. Embora Trump tenha reiterado seu interesse em encontrar uma solução para o conflito, o secretário de Estado deixou claro que a paciência do governo está se esgotando. “Trump ainda está interessado em um acordo, mas está disposto a seguir em frente se não houver sinais imediatos de progresso”, declarou Rubio.
Durante sua campanha eleitoral, Trump prometeu encerrar a guerra entre Rússia e Ucrânia em até 24 horas após assumir a presidência. No entanto, ao chegar ao poder, ele passou a adotar uma postura mais realista, prevendo a possibilidade de um acordo até abril ou maio, à medida que se deparava com os entraves geopolíticos da crise.
A fala de Rubio também reflete o ambiente de tensão que ronda outras frentes diplomáticas enfrentadas pelos Estados Unidos. Com um cenário internacional cada vez mais complexo, os esforços do governo americano estão sendo divididos entre diversas regiões de conflito e interesses estratégicos. Nesse contexto, a continuidade das negociações entre Kiev e Moscou pode perder protagonismo na agenda externa da Casa Branca.
A ameaça de abandono por parte dos EUA pode impactar diretamente o já delicado equilíbrio político em torno da guerra na Ucrânia. A presença norte-americana como mediadora tem sido vista por aliados europeus como fator de pressão sobre Moscou e, ao mesmo tempo, um incentivo para que Kiev permaneça aberta a eventuais concessões diplomáticas.
A diplomacia europeia, por sua vez, observa com apreensão a possibilidade de um recuo norte-americano. Fontes próximas aos encontros em Paris afirmaram que líderes da União Europeia tentaram convencer Rubio a manter o compromisso com o processo de paz, mesmo diante da lentidão nas tratativas. Não houve, porém, declarações públicas sobre esses apelos.
Rubio ainda não deu detalhes sobre quais “outras prioridades” os EUA poderiam adotar, caso decidam se afastar do esforço de paz. A declaração, contudo, reforça a visão de que Washington poderá redirecionar sua atenção para outras regiões sensíveis, como o Oriente Médio e o Indo-Pacífico, onde a presença e a influência dos EUA têm sido testadas por novas alianças e disputas estratégicas.
Com a sinalização de uma possível retirada dos EUA das negociações, aumenta a pressão sobre os demais atores internacionais que buscam uma solução para a guerra, que já dura mais de três anos. Sem o envolvimento direto da Casa Branca, observadores temem que as chances de um cessar-fogo se tornem ainda mais remotas.
A movimentação diplomática de Rubio e as declarações feitas em Paris indicam que os próximos dias serão decisivos para definir se ainda há espaço para uma saída negociada ou se o conflito seguirá sem horizonte de encerramento, agora com menor protagonismo norte-americano no tabuleiro.


