Príncipe Andrew renuncia a seus títulos reais após novo escândalo ligado a Jeffrey Epstein
Filho da rainha Elizabeth II admite que acusações prejudicam a família real e anuncia afastamento definitivo da vida pública
247 – O príncipe Andrew, duque de York e terceiro filho da falecida rainha Elizabeth II, anunciou nesta sexta-feira (17) que renunciará oficialmente aos seus títulos e funções reais, após anos de pressão pública e novas revelações sobre sua ligação com o financista Jeffrey Epstein, condenado por tráfico sexual de menores.
“Após conversas com o rei e minha família imediata e mais ampla, chegamos à conclusão de que as contínuas acusações contra mim distraem o trabalho de Sua Majestade e da família real. Decidi, como sempre, colocar meu dever para com minha família e meu país em primeiro lugar”, afirmou Andrew em comunicado publicado pelo The Guardian.
Com a decisão, o príncipe perde o título de duque de York e sua filiação à Ordem da Jarreteira, uma das mais antigas e prestigiadas ordens de cavalaria do Reino Unido. Ele já havia sido afastado da vida pública em 2020, após o escândalo envolvendo as acusações de abuso sexual feitas por Virginia Giuffre, uma das vítimas de Epstein.
Relação com Epstein e escândalo sexual
O duque manteve estreita relação com Epstein, que conheceu em 1999 e visitou em diversas ocasiões — em Nova York, na Flórida, nas Ilhas Virgens Americanas e até em residências reais britânicas, como Balmoral e Sandringham.
A amizade entre os dois se tornou foco de escândalo internacional após a denúncia de Giuffre, que afirmou ter sido abusada pelo príncipe quando era adolescente.
Andrew sempre negou as acusações, alegando desconhecimento dos crimes cometidos por Epstein e sua cúmplice, Ghislaine Maxwell. Em 2021, no entanto, Giuffre entrou com uma ação judicial em Nova York contra o príncipe por abuso sexual. O caso terminou em acordo extrajudicial avaliado em cerca de 12 milhões de libras esterlinas (16 milhões de dólares).
O episódio custou ao príncipe seus títulos militares, patrocínios de caridade e o direito de usar o tratamento de “Sua Alteza Real”.
Contradições e novas provas de contato
No último domingo, o jornal The Mail on Sunday revelou mensagens trocadas entre Andrew e Epstein, que colocam em dúvida as declarações do príncipe de que teria rompido o contato com o financista em 2010.
Em um e-mail enviado em fevereiro de 2011 — três meses após ter dito publicamente que cortara relações com Epstein —, Andrew escreveu:
“Não se preocupe comigo! Parece que estamos juntos nisso e teremos que superar isso.”
A mensagem, assinada “A, Sua Alteza Real, o Duque de York”, reforça as suspeitas de que o príncipe mentiu à BBC em uma entrevista na qual tentou minimizar a relação com o criminoso sexual.
Tragédia e novas repercussões
O caso ganhou nova dimensão após a morte de Virginia Giuffre, que cometeu suicídio em abril de 2025, aos 41 anos, em sua fazenda na Austrália. Giuffre denunciou ter sido traficada por Epstein e Maxwell para uma rede de homens ricos e influentes, entre eles o príncipe Andrew.
A repercussão da morte reacendeu o debate sobre impunidade e privilégios dentro da elite britânica, e aumentou a pressão sobre a monarquia, que tenta preservar sua imagem pública em meio à crise.
Repercussões no Reino Unido
A renúncia de Andrew é vista como inevitável dentro da Casa Real, que tenta afastar-se definitivamente do escândalo. O rei Charles III, segundo fontes do Palácio de Buckingham, teria pressionado o irmão a abrir mão de todos os títulos remanescentes para “preservar a instituição”.
Ainda que continue com o título de “príncipe”, Andrew perde todas as prerrogativas cerimoniais, cargos honoríficos e participações oficiais em nome da Coroa. O afastamento marca o colapso de uma trajetória pública, antes associada à confiança pessoal da rainha Elizabeth II e, agora, à decadência moral e institucional da monarquia britânica.



