Putin em reunião com Lula: ‘Brasil é nosso parceiro prioritário na América Latina’
O diálogo aconteceu após um desfile militar sobre os 80 anos do Dia da Vitória. Os russos comemoram a conquista de Berlim pelo exército soviético
Por Victor Farinelli, Opera Mundi - O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, reuniu pessoalmente com seu homólogo russo Vladimir Putin nesta sexta-feira (09/05), em Moscou, no primeiro encontro bilateral entre ambos os mandatários em mais de 15 anos.
O diálogo aconteceu horas depois do desfile militar que marcou o auge das festividades pelos 80 anos do Dia da Vitória, data em que os russos celebram a conquista de Berlim pelo exército soviético, episódio decisivo para sacramentar a derrota dos nazistas na Segunda Guerra Mundial – aquela vitória aconteceu justamente em 9 de maio de 1945, razão pela qual o governo local preparou uma comemoração especial pelos 80 anos da façanha.
Segundo o assessor especial do presidente russo, Yuri Ushakov, o reencontro entre os dois mandatários foi marcado por um clima de “cordialidade, entre amigos que não se viam pessoalmente há muitos anos”.
Em entrevista a meios locais, o assessor também disse que Putin enfatizou a Lula o interesse da Rússia em aprofundar suas relações estratégicas com o Brasil, em diversas áreas, incluindo o comércio bilateral e setores como cultura, energia e defesa, além de ciência e tecnologia.
“O presidente Putin manifestou ao presidente Lula que Brasil é o parceiro prioritário da Rússia na América Latina”, destacou Ushakov.
Em suas redes sociais, Lula disse que o encontro com Putin serviu para “acertamos a retomada da Comissão Brasileiro-Russa de Alto Nível de Cooperação, instância máxima de discussão estratégica entre os nossos dois países, que não se reúne desde 2015”.
“Nosso comércio de pouco mais de 12 bilhões de dólares pode ser bastante ampliado. Temos interesse em discutir a área de defesa, a área espacial, a área científico-tecnológica, de educação e, sobretudo, a questão energética”, acrescentou o mandatário brasileiro.
BRICS
A reunião também foi pautada pela agenda em comum dos dois países no âmbito do BRICS, cuja última cúpula, em outubro de 2024, aconteceu na Rússia, e a próxima, em julho deste ano, ocorrerá no Brasil.
“Os brasileiros assumiram a presidência do BRICS este ano e nós estamos trabalhando em estreita colaboração com nossos colegas nessa questão”, observou o assessor russo.
Paz na Ucrânia
Ushakov revelou que Lula agradeceu a “extraordinária acolhida” dada pelos anfitriões russos à sua delegação, e que, além dos temas bilaterais entre Brasil e Rússia, também trouxe à tona a questão da guerra entre russos e ucranianos, vigente desde 2022.
Nesse sentido, segundo o assessor russo, o mandatário brasileiro teria voltado a defender a proposta elaborada pelo Brasil e pela China para se estabelecer um protocolo de paz e colocar fim ao conflito.
Lula se referiu ao tema em seu comentário nas redes sociais, dizendo que reiterou a Putin “o compromisso do Brasil com a paz e a disposição de atuarmos junto com a China e o Grupo de Países Amigos, numa solução para a Guerra na Ucrânia”.
A proposta de paz sino-brasileira foi apresentada em maio de 2024, e elaborada em conjunto pelo chanceler chinês Wang Yi e pelo diplomata brasileiro Celso Amorim, atual assessor especial de Lula para assuntos internacionais e chanceler durante seus dois primeiros mandatos – entre 2003 e 2011.
Segundo Ushakov, “a Rússia valoriza o esforço do Brasil e da China pela criação do grupo de ‘Amigos da Paz’ sobre o conflito ucraniano, que inclui 17 países defensores da sua proposta”.
A declaração do assessor se refere ao fato de que Brasília e Pequim convidaram 19 países para debater sobre a criação do referido grupo de Amigos da Paz, para que aderissem à proposta de mediação sino-brasileira.
Segundo informação publicada em setembro de 2024 pelo jornal Folha de São Paulo, foram convidados África do Sul, Arábia Saudita, Argélia, Azerbaijão, Bolívia, Cazaquistão, Colômbia, Egito, Etiópia, Emirados Árabes, Indonésia, Malásia, México, Nigéria, Quênia, Senegal, Tailândia, Vietnã e Zâmbia. Entretanto, dois países teriam rechaçado a oferta – não foi revelado quais seriam.
“O presidente Putin conversou com Lula sobre a situação geral na Ucrânia e valoriza o empenho do Brasil, e também da China, em buscar uma solução diplomática para este conflito, e reitera que esse também é o objetivo da Rússia”, completou o assessor presidencial.
* Com informações de RT e Agência Brasil
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