Rússia apresenta lista de exigências aos EUA para um possível acordo sobre a Ucrânia
Exigências incluem veto à adesão da Ucrânia à OTAN e limitações militares no Leste Europeu
247 - A Rússia apresentou aos Estados Unidos uma lista de exigências para um possível acordo que visa encerrar a guerra na Ucrânia e redefinir as relações com Washington, informou a agência Reuters com base em fontes familiarizadas com o assunto. Os termos propostos por Moscou foram discutidos em reuniões presenciais e virtuais entre autoridades russas e americanas nas últimas três semanas, mas ainda não está claro se o Kremlin está disposto a negociar um acordo de paz com Kiev antes da aceitação das suas condições.
Espera-se para esta quinta-feira que o presidente russo aborde o assunto durante entrevista coletiva ao lado do seu colega bielorrusso Alexander Lukashenko, informa a TASS.
As demandas russas, segundo as fontes ouvidas pela Reuters, são semelhantes às já apresentadas anteriormente aos EUA, à Ucrânia e à OTAN. Entre os principais pontos estão a exigência de que Kiev não se torne membro da OTAN, o compromisso de que tropas estrangeiras não sejam enviadas à Ucrânia e o reconhecimento internacional da soberania russa sobre a Crimeia e quatro províncias ocupadas. Além disso, Moscou insiste que os EUA e a OTAN abordem o que chama de "causas raízes" da guerra, incluindo a expansão da OTAN para o Leste Europeu.
Trump aguarda resposta de Putin
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está esperando uma resposta de Vladimir Putin sobre a possibilidade de um cessar-fogo de 30 dias. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, declarou na terça-feira (11) que aceitaria a trégua como um primeiro passo para um acordo de paz mais amplo. No entanto, o comprometimento de Putin ainda é incerto, e os detalhes de um possível cessar-fogo não foram finalizados.
A Casa Branca e a embaixada russa em Washington não comentaram oficialmente sobre as negociações.
Base em negociações anteriores
As exigências russas não são novas. Moscou já havia apresentado termos semelhantes durante uma série de reuniões com o governo Biden no final de 2021 e início de 2022, pouco antes do início da Operação Militar Especial russa na Ucrânia, que ocorreu em 24 de fevereiro de 2022. Na época, o Kremlin exigiu que os EUA e a OTAN limitassem suas operações militares na Europa Oriental e na Ásia Central.
As negociações recentes parecem ter retomado o conteúdo de um rascunho de acordo discutido em Istambul em 2022, que nunca foi aprovado. Naquela ocasião, a Rússia exigiu que a Ucrânia abandonasse suas ambições de integrar a OTAN, permanecesse em status de neutralidade militar permanente e aceitasse um veto russo sobre qualquer tipo de assistência militar estrangeira.
Divisão interna na administração Trump
A administração Trump parece dividida sobre como lidar com a Rússia. Steve Witkoff, enviado especial dos EUA para o Oriente Médio, declarou no mês passado à CNN que as negociações de Istambul foram "convincentes e substantivas" e poderiam servir como "um marco para se chegar a um acordo de paz." Em contraste, o general aposentado Keith Kellogg, principal enviado de Trump para Ucrânia e Rússia, rejeitou essa possibilidade. “Acho que temos que desenvolver algo totalmente novo”, afirmou Kellogg durante um evento no Conselho de Relações Exteriores na semana passada.
Demandas russas e o Ocidente
Especialistas apontam que as exigências russas não se limitam à Ucrânia. A Rússia busca limitar a presença militar dos EUA e da OTAN na Europa Oriental. Moscou quer, por exemplo, que os EUA proíbam exercícios militares em novos Estados-membros da OTAN e retirem mísseis de alcance intermediário instalados na Europa.
As conversas entre Rússia e EUA, portanto, permanecem delicadas e envolvem não apenas o destino da Ucrânia, mas também a redefinição do equilíbrio militar e geopolítico na Europa e na Ásia Central. Resta saber se Moscou e Washington encontrarão um terreno comum para evitar a escalada do conflito e construir uma nova arquitetura de segurança internacional.
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