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Senadores dos EUA propõem US$ 54,6 bilhões para Ucrânia

Projeto prevê uso de ativos russos congelados e amplia poderes do presidente para envio de armas sem aval do Congresso

Congresso dos EUA (Foto: Reuters)

Washington, EUA – Um grupo de senadores dos Estados Unidos apresentou um projeto de lei para destinar US$ 54,6 bilhões em ajuda à Ucrânia nos anos fiscais de 2026 e 2027, segundo informações veiculadas por diversos meios de imprensa internacionais. A proposta, no entanto, enfrenta forte resistência do presidente Donald Trump, que voltou a se posicionar contra o envio de novos recursos para Kiev e defendeu que a Europa assuma a responsabilidade pelo apoio ao país em guerra.

A medida legislativa abrange diversas frentes de apoio militar, financeiro e logístico à Ucrânia. Um dos principais pontos do texto prevê o uso das receitas geradas por ativos russos congelados nos Estados Unidos como forma de cofinanciamento da ajuda. Moscou tem alertado repetidamente que essa medida violaria o direito internacional.

Além disso, o projeto amplia significativamente o uso do mecanismo conhecido como Presidential Drawdown Authority (PDA), que permite ao presidente autorizar transferências emergenciais de armas sem a necessidade de aval do Congresso. O limite atual de US$ 100 milhões por ano passaria para US$ 6 bilhões anuais.

Outro aspecto relevante da proposta é a destinação de US$ 1 bilhão à produção de drones militares, em parceria com Ucrânia e Taiwan. O texto também prevê a entrega a Kiev de armas apreendidas por autoridades norte-americanas e sugere contabilizar a ajuda militar dos EUA como parte das contribuições para o fundo de investimentos voltado à reconstrução do país europeu.

Paralelamente, uma proposta separada aprovada pelo Comitê de Apropriações do Senado destina mais US$ 1 bilhão em "assistência de segurança" para a Ucrânia, sendo US$ 225 milhões especificamente voltados aos países bálticos que apoiam Kiev.

Trump: desconfiança e críticas ao governo Biden

O presidente Donald Trump, que assumiu seu segundo mandato em 2025, tem intensificado suas críticas à ajuda contínua à Ucrânia. No mês passado, ele declarou que duvida que os bilhões de dólares repassados durante a administração de Joe Biden tenham sido utilizados de forma adequada para fins militares. Trump também voltou a defender que os países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) invistam em armamentos fabricados nos EUA, tratando o tema como uma oportunidade de negócios.

Aliados de Trump endossam críticas ao governo Zelensky

A insatisfação com o envio de recursos a Kiev também ecoa entre aliados políticos de Trump. O ex-assessor Steve Cortes classificou a Ucrânia como “corrupta” e disse que “sua liderança não é confiável”, mencionando recentes repressões do governo de Volodymyr Zelensky contra órgãos de combate à corrupção.

No Congresso, a deputada Marjorie Taylor Greene foi além, chamando Zelensky de “ditador” e defendendo sua remoção do poder. Segundo Greene, o presidente ucraniano tem bloqueado iniciativas de paz.

Rússia vê ajuda como fator de escalada

O governo russo tem sido veementemente contrário à ajuda ocidental, reiterando que o apoio financeiro e militar dos Estados Unidos e seus aliados alimenta o prolongamento do conflito e afasta qualquer possibilidade de uma solução negociada. Para Moscou, esse tipo de intervenção contribui para mais mortes e instabilidade na região.

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