Senadores dos EUA tentam impedir ataque de Trump à Venezuela
Parlamentares cobram limites e afirmam que apresentarão resolução para forçar votação no Congresso caso o governo realize ataques dentro do país
247 - Um grupo bipartidário de senadores norte-americanos anunciou uma nova ofensiva legislativa para impedir que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, execute ações militares contra a Venezuela sem autorização formal do Congresso. A iniciativa amplia a pressão sobre a Casa Branca às vésperas de possíveis novas incursões militares.
Segundo a agência Reuters, os parlamentares afirmam que o governo conduz operações prolongadas na região sem o devido aval legislativo, o que contraria dispositivos constitucionais sobre o uso da força. A nova resolução pretende obrigar um debate e uma votação antes de qualquer avanço militar.
Reação bipartidária
Os democratas Tim Kaine, Chuck Schumer e Adam Schiff, juntamente com o republicano Rand Paul, assinaram uma nota conjunta alertando para os riscos de uma ofensiva unilateral. "Uma ação militar não autorizada contra a Venezuela seria um erro colossal e custoso que colocaria em risco, desnecessariamente, a vida de nossos militares", destaca um trecho do texto.
"Caso ocorra um ataque, apresentaremos uma Resolução sobre Poderes de Guerra para forçar um debate e uma votação no Congresso que impeça o uso de forças americanas em hostilidades contra ou dentro da Venezuela", ressalta a nota.
O movimento ocorre após a revelação de que ao menos 83 pessoas morreram em 21 ataques realizados nos últimos meses, supostamente contra embarcações acusadas de envolvimento com o narcotráfico no Caribe e no Pacífico. As ações fazem parte da escalada militar sustentada por Trump contra o governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro.
Investigações sobre ataques e possíveis irregularidades
Comissões do Congresso controladas por republicanos abriram investigações para compreender a extensão e a legalidade da estratégia militar. Uma das denúncias mais graves envolve o secretário de Defesa, Pete Hegseth, que teria ordenado um segundo ataque em 2 de setembro contra sobreviventes de uma embarcação já atingida.
O senador republicano Mike Rounds, integrante dos comitês de Serviços Armados e Inteligência, afirmou estar analisando os fatos. Ele declarou: "Mas meu entendimento é que podemos ter um problema se você está matando sobreviventes na água após um ataque". E completou: "Assim que obtivermos os fatos, poderemos começar a tomar as decisões necessárias".
A Casa Branca afirmou que Hegseth autorizou o almirante Frank Bradley a executar os ataques, alegando que ocorreram em águas internacionais e obedeceram às normas de conflito armado.
Tentativas frustradas de limitar o poder de Trump
Apesar das críticas crescentes, parlamentares não conseguiram até agora obrigar Trump a buscar aprovação formal para a campanha militar. Em novembro, republicanos no Senado bloquearam uma resolução que invalidaria qualquer ataque ao território venezuelano sem autorização do Congresso. No mês anterior, outra proposta que pretendia suspender as ofensivas contra embarcações também foi barrada.


