Zelensky retorna à França em meio a ofensiva diplomática por acordo de paz
É a décima visita do presidente ucraniano à França, em busca de apoio para enfrentar a Rússia
247 - A nova visita de Volodymyr Zelensky a Paris ocorre em um momento decisivo para as discussões sobre o fim da guerra na Ucrânia. A viagem, realizada apenas duas semanas após sua última passagem pela França, integra a rodada de diálogos que tenta redefinir o rumo das negociações internacionais. No encontro anterior, o líder ucraniano assinou uma carta de intenções para adquirir 100 caças Rafale, reforçando a aposta no mais avançado avião de combate francês.
As conversas em Paris terão como foco a proposta apresentada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para encerrar o conflito iniciado em fevereiro de 2022. A iniciativa norte-americana gerou desconforto entre os europeus, que dizem ver no plano concessões excessivas à Rússia e um risco de serem colocados à margem das tratativas.
Segundo o governo francês, Emmanuel Macron considera positivo que Washington esteja empenhado em buscar um cessar-fogo, mas avalia que a proposta americana precisa de ajustes importantes. Entre os pontos sensíveis estão as exigências de concessões territoriais por parte da Ucrânia, as limitações impostas às suas Forças Armadas e as decisões tomadas pela Casa Branca sobre eventual ingresso do país na OTAN e na União Europeia — temas que, segundo Paris, dizem respeito diretamente ao bloco europeu.
Os líderes também discutirão o pacote de garantias de segurança que está sendo preparado para apoiar Kiev caso as hostilidades sejam interrompidas. Essas medidas são defendidas pela chamada Coalizão de Voluntários, que reúne cerca de trinta países sob liderança da França e do Reino Unido. O grupo argumenta que a estabilidade depende da capacidade de dissuasão, incluindo propostas consideradas inaceitáveis por Moscou, como o envio de pessoal militar ocidental ao território ucraniano.
A reunião ocorre em meio a um cenário político delicado para Zelensky. O presidente enviou uma delegação aos Estados Unidos com a missão de tentar “suavizar” o plano apresentado por Donald Trump. Paralelamente, enfrenta uma crise interna provocada por denúncias de corrupção que culminaram na renúncia de Andriy Yermak, um dos homens mais influentes de seu governo, agora envolvido no escândalo.
A ofensiva diplomática em Paris, assim, se torna crucial para Kiev no esforço de conciliar pressões externas, tensões com aliados e turbulências domésticas enquanto tenta avançar rumo a um acordo que possa redefinir o futuro do país.



