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Ações da Intel recuam após Nvidia interromper teste de produção de chips

Relato sobre pausa em testes do processo 18A pressiona ações da empresa em Nova York

Logo da Intel entre duas placas de informática - 06/03/2023 (Foto: REUTERS/Dado Ruvic/Ilustração)

247 - As ações da Intel registraram queda na quarta-feira (24), após informações indicarem que a Nvidia decidiu interromper um teste envolvendo o processo de fabricação mais avançado da companhia norte-americana. A reação negativa do mercado refletiu dúvidas sobre a capacidade da Intel de converter sua nova tecnologia em contratos com grandes clientes do setor de semicondutores.

De acordo com pessoas familiarizadas com o assunto, a Nvidia chegou a testar o chamado processo 18A, mas optou por não seguir adiante com a avaliação. A iniciativa não resultou em qualquer compromisso formal para a produção de chips pela Intel, o que contribuiu para a cautela dos investidores diante do impacto potencial sobre a estratégia industrial da empresa.

Questionadas sobre o episódio, Nvidia e Intel não se manifestaram de imediato. Um porta-voz da Intel, porém, afirmou que as tecnologias de fabricação 18A da companhia “estão progredindo bem”, indicando que o desenvolvimento segue dentro do planejado, apesar da decisão da Nvidia.

No início do pregão em Nova York, os papéis da Intel chegaram a recuar cerca de 2,2%. A movimentação ocorre em um momento relevante para a empresa, que recentemente colocou em operação uma nova fábrica em seu complexo de Ocotillo, no Arizona. Conhecida como Fab 52, a unidade é a primeira da Intel a entrar em produção em larga escala utilizando o processo 18A, considerado o mais avançado já desenvolvido e implantado nos Estados Unidos.

A aposta nessa tecnologia faz parte do esforço da Intel para retomar a fabricação interna de seus chips mais sofisticados e reduzir a distância em relação aos principais concorrentes globais. A estratégia também busca fortalecer a produção doméstica de semicondutores e recuperar protagonismo em um setor considerado estratégico.

Em setembro, a Nvidia anunciou um investimento de US$ 5 bilhões na Intel, em um contexto de maior envolvimento do governo dos Estados Unidos na companhia. O aporte foi interpretado como um sinal de confiança na recuperação da empresa, que vem enfrentando dificuldades financeiras e perda de espaço para concorrentes nos últimos anos. O acordo, contudo, não incluiu a obrigação de a Intel produzir chips da Nvidia.

O processo 18A é tratado internamente como uma tentativa de retorno da Intel ao desenvolvimento de suas soluções mais avançadas dentro de casa. A tecnologia reúne duas inovações centrais. A primeira envolve os transistores, componentes microscópicos que funcionam como interruptores e são essenciais ao desempenho dos semicondutores. Com chips modernos reunindo dezenas de bilhões desses elementos em áreas cada vez menores, a eficiência energética depende do controle preciso de seu acionamento.

Os produtos baseados no 18A serão os primeiros da Intel a empregar transistores com tecnologia conhecida como “gate-all-around”, que permite um controle mais refinado do fluxo elétrico. Segundo a empresa, isso viabiliza chips com maior densidade de transistores, capazes de processar volumes crescentes de dados com menor consumo de energia.

A segunda inovação está relacionada à forma como os chips recebem energia, com a promessa de ampliar simultaneamente desempenho e eficiência. Apesar do discurso otimista da Intel, a suspensão do teste pela Nvidia evidencia os desafios enfrentados pela companhia para transformar avanços tecnológicos em acordos comerciais de grande escala.

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