Ações da Intel recuam após Nvidia interromper teste de produção de chips
Relato sobre pausa em testes do processo 18A pressiona ações da empresa em Nova York
247 - As ações da Intel registraram queda na quarta-feira (24), após informações indicarem que a Nvidia decidiu interromper um teste envolvendo o processo de fabricação mais avançado da companhia norte-americana. A reação negativa do mercado refletiu dúvidas sobre a capacidade da Intel de converter sua nova tecnologia em contratos com grandes clientes do setor de semicondutores.
De acordo com pessoas familiarizadas com o assunto, a Nvidia chegou a testar o chamado processo 18A, mas optou por não seguir adiante com a avaliação. A iniciativa não resultou em qualquer compromisso formal para a produção de chips pela Intel, o que contribuiu para a cautela dos investidores diante do impacto potencial sobre a estratégia industrial da empresa.
Questionadas sobre o episódio, Nvidia e Intel não se manifestaram de imediato. Um porta-voz da Intel, porém, afirmou que as tecnologias de fabricação 18A da companhia “estão progredindo bem”, indicando que o desenvolvimento segue dentro do planejado, apesar da decisão da Nvidia.
No início do pregão em Nova York, os papéis da Intel chegaram a recuar cerca de 2,2%. A movimentação ocorre em um momento relevante para a empresa, que recentemente colocou em operação uma nova fábrica em seu complexo de Ocotillo, no Arizona. Conhecida como Fab 52, a unidade é a primeira da Intel a entrar em produção em larga escala utilizando o processo 18A, considerado o mais avançado já desenvolvido e implantado nos Estados Unidos.
A aposta nessa tecnologia faz parte do esforço da Intel para retomar a fabricação interna de seus chips mais sofisticados e reduzir a distância em relação aos principais concorrentes globais. A estratégia também busca fortalecer a produção doméstica de semicondutores e recuperar protagonismo em um setor considerado estratégico.
Em setembro, a Nvidia anunciou um investimento de US$ 5 bilhões na Intel, em um contexto de maior envolvimento do governo dos Estados Unidos na companhia. O aporte foi interpretado como um sinal de confiança na recuperação da empresa, que vem enfrentando dificuldades financeiras e perda de espaço para concorrentes nos últimos anos. O acordo, contudo, não incluiu a obrigação de a Intel produzir chips da Nvidia.
O processo 18A é tratado internamente como uma tentativa de retorno da Intel ao desenvolvimento de suas soluções mais avançadas dentro de casa. A tecnologia reúne duas inovações centrais. A primeira envolve os transistores, componentes microscópicos que funcionam como interruptores e são essenciais ao desempenho dos semicondutores. Com chips modernos reunindo dezenas de bilhões desses elementos em áreas cada vez menores, a eficiência energética depende do controle preciso de seu acionamento.
Os produtos baseados no 18A serão os primeiros da Intel a empregar transistores com tecnologia conhecida como “gate-all-around”, que permite um controle mais refinado do fluxo elétrico. Segundo a empresa, isso viabiliza chips com maior densidade de transistores, capazes de processar volumes crescentes de dados com menor consumo de energia.
A segunda inovação está relacionada à forma como os chips recebem energia, com a promessa de ampliar simultaneamente desempenho e eficiência. Apesar do discurso otimista da Intel, a suspensão do teste pela Nvidia evidencia os desafios enfrentados pela companhia para transformar avanços tecnológicos em acordos comerciais de grande escala.



