Nvidia recebe aval dos EUA para vender chips de IA à China
Liberação reforça peso estratégico do mercado chinês e encerra meses de pressão da gigante dos semicondutores
247 - A decisão do governo dos Estados Unidos de autorizar a venda dos chips H200 da Nvidia para clientes aprovados na China marcou uma inflexão importante na política de exportação da área de semicondutores. A informação foi divulgada inicialmente pela Reuters e repercutida pelo Global Times, que destacou o impacto direto da medida sobre a maior fabricante de chips de IA do mundo.
Em postagem na plataforma Truth Social, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que “os Estados Unidos permitirão que a NVIDIA envie seus produtos H200 para clientes aprovados na China e em outros países”, acrescentando que o Departamento de Comércio está finalizando os detalhes.
A decisão encerra meses de lobby intenso da Nvidia, cujo CEO, Jensen Huang, vinha reiterando publicamente que a restrição às exportações colocava em risco o acesso a um mercado que considera vital para a competitividade norte-americana em inteligência artificial. Mesmo após Trump afirmar que 25% das vendas seriam destinados ao governo dos EUA, as ações da empresa subiram 1,2% no after-hours.
Trump afirmou que a nova diretriz vai “apoiar empregos americanos, fortalecer a manufatura nacional e beneficiar os contribuintes”. Em sua postagem, criticou a administração anterior por obrigar empresas do setor a produzir versões “degradadas” de chips, classificando a política como um freio à inovação.
De acordo com o presidente dos EUA, o mesmo modelo regulatório será aplicado a outras fabricantes norte-americanas, como AMD e Intel. Em nota ao Global Times, porta-voz da Nvidia afirmou: “Oferecer o H200 a clientes comerciais é uma abordagem bem-vinda”.
Para o analista veterano de telecomunicações Ma Jihua, a flexibilização sinaliza o reconhecimento da importância do mercado chinês para o setor. Ele observou que anos de restrições criaram uma oportunidade para o avanço da indústria doméstica de semicondutores da China, a ponto de, segundo ele, até mesmo chips avançados da Nvidia perderem competitividade se a empresa ficasse isolada do país por mais tempo.
A Bloomberg relatou que a autorização representa uma vitória significativa para a Nvidia, que busca recuperar bilhões de dólares em negócios perdidos no maior mercado global de tecnologia. Nos últimos meses, a companhia intensificou sua atuação junto à Casa Branca e ao Congresso para derrubar controles que haviam reduzido a quase zero suas vendas para a China, segundo reportagem da Fox Business publicada em novembro.
Durante um evento do Center for Strategic and International Studies (CSIS), Huang afirmou que a disputa tecnológica entre EUA e China deve ser entendida por meio de uma “estrutura de cinco camadas”, rejeitando análises simplistas que reduzem o setor a uma competição entre plataformas como “ChatGPT versus DeepSeek”.
A Nvidia não está sozinha. Outras fabricantes, como a Advanced Micro Devices (AMD), também buscam autorizações para fornecer produtos ao mercado chinês. Questionado por veículos internacionais sobre o fato de a AMD afirmar possuir licenças para enviar seus chips MI308 à China — mediante pagamento de um imposto de 15% ao governo dos EUA — e sobre a disposição chinesa em adquiri-los, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian, declarou em entrevista coletiva: “A China já deixou clara sua posição mais de uma vez sobre a exportação de chips dos EUA para a China. Esperamos que os EUA tomem ações concretas para manter as cadeias industriais e de suprimentos globais estáveis e desimpedidas”.
A liberação das exportações ocorre em um momento de disputa estratégica no setor de inteligência artificial, no qual os dois países buscam assegurar liderança tecnológica e estabilidade em suas cadeias de suprimentos.




