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BID anuncia pacote de US$ 6 bi e mira ampliar financiamento climático

Presidente Ilan Goldfajn detalha iniciativas na COP30 e reforça foco em garantias e atração do setor privado

BID anuncia pacote de US$ 6 bi e mira ampliar financiamento climático (Foto: Gisele Federicce)

247 - O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) prepara uma série de anúncios que totalizam US$ 6 bilhões durante a primeira semana da COP30, realizada em Belém. As medidas incluem novos instrumentos de garantia, operações em moeda local e estratégias para ampliar a participação do setor privado no financiamento climático, com forte ênfase na Amazônia.

No segundo parágrafo, conforme informou originalmente o Broadcast/Estadão, o presidente do BID, Ilan Goldfajn, afirmou que a concentração de anúncios é natural por a conferência ocorrer no Brasil, maior cliente da instituição. Ele destacou que as ações procuram acelerar soluções para a emergência climática, com diversos instrumentos operando em paralelo e em diferentes escalas.

Goldfajn explicou que a multiplicidade de medidas é essencial diante da dimensão do desafio global. “Não haverá um único instrumento capaz de resolver todos os problemas”, ressaltou. Segundo ele, o volume de recursos anunciado pelo banco reforça a estratégia de buscar impacto somado ao de outras instituições: “Só do que estamos fazendo, são US$ 6 bilhões. Se cada um fizer os seus US$ 6 bilhões, te garanto que soma bastante”.

Atração do setor privado e coordenação internacional

Questionado sobre as dificuldades de ampliar o financiamento climático, o presidente do BID apontou a necessidade de integrar esforços de diferentes atores e de envolver mais capital privado. “O bolso está pequeno em todo o mundo”, afirmou, citando restrições fiscais em países em desenvolvimento e tensões geopolíticas entre nações ricas. Para ele, duas frentes são indispensáveis: coordenação entre iniciativas e mobilização de investidores institucionais, como seguradoras e fundos de pensão.

Goldfajn enfatizou que projetos climáticos, especialmente os voltados à adaptação e resiliência, apresentam riscos maiores, mas destacou que já existe um histórico robusto de operações bem-sucedidas em energia renovável. Ele citou a estratégia Reinvestir+, que prevê comprar carteiras performadas de bancos latino-americanos e caribenhos, reestruturá-las, diversificá-las e oferecer garantias públicas para vendê-las como títulos AAA a investidores privados. “Queremos levar para os investidores institucionais algo que é palatável”, explicou.

Novas garantias e expansão do EcoInvest

Entre os anúncios previstos está uma operação de US$ 3,4 bilhões destinada a oferecer hedge cambial para bancos, que repassarão a proteção às empresas participantes do EcoInvest, programa voltado a investimentos sustentáveis. Goldfajn detalhou que o mecanismo terá participação do Banco Central, permitindo maior segurança às instituições financeiras na concessão de crédito. “Vamos prover o hedge para que esses bancos possam provê-lo para as empresas”, afirmou.

O presidente do BID também comentou a iniciativa ‘Amazônia Para Todos’, que busca levar projetos socioambientais ao varejo, com possibilidade de aquisição de cotas a partir de R$ 100. Ele reconheceu que a demanda ainda está em formação, mas mencionou o interesse de Banco do Brasil, Caixa e BNDES. “Nossos projetos não dão retorno altíssimo, mas dão retornos positivos”, observou, destacando que parte da participação popular ocorre pelo engajamento na causa ambiental.

Posição global e desafios diplomáticos

Indagado sobre o impacto da postura do atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que nega a emergência climática, Goldfajn afirmou que há consenso internacional quando se trata de eventos extremos. “Só na América Latina e no Caribe, tivemos 70 desastres naturais no ano passado. Custaram US$ 10 bilhões”, disse. Para ele, governos e instituições caminham na direção certa, mas a dúvida está na velocidade da resposta global.

Com uma agenda de anúncios concentrada e iniciativas destinadas a ampliar o fluxo de capital novo — especialmente privado —, o BID busca elevar o patamar de financiamento climático e reduzir gargalos que historicamente travam projetos de adaptação e mitigação na região.

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