BNDES prepara fundo para IA e data centers em 2026
Banco avança na criação de veículo bilionário para impulsionar projetos de tecnologia e infraestrutura digital no país
247 - O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) deu novos passos para estruturar um fundo de investimentos dedicado a inteligência artificial e data centers, previsto para ser lançado no início de 2026. A iniciativa foi detalhada pelo diretor de planejamento e relações institucionais da instituição, Nelson Barbosa, durante evento no Rio de Janeiro nesta segunda-feira (1).
De acordo com informações publicadas originalmente pelo Valor Econômico, Barbosa explicou que o aporte do banco de fomento ainda está em avaliação, mas deve ficar entre R$ 500 milhões e R$ 1 bilhão. “A gente está formatando e espera anunciar no início do ano que vem. Estamos discutindo se o fundo vai ser de R$ 500 milhões ou R$ 1 bilhão”, afirmou o diretor após a abertura da primeira Semana de Economia Brasileira, realizada em parceria com o Centro Internacional Celso Furtado de Políticas.
O modelo do novo fundo seguirá estrutura semelhante à utilizada no veículo voltado a minerais críticos, desenvolvido em parceria com a Vale e administrado por um consórcio formado por BB Asset, JGP e ORE. Esse fundo conta com R$ 500 milhões — divididos igualmente entre BNDES e mineradora — e tem meta de captação de até R$ 1 bilhão junto a outros investidores. “Normalmente, nesse tipo de fundo, o BNDES coloca 25% do capital, tem outro investidor que coloca outros 25%. Depois, a gente faz um edital e o gestor se apresenta”, explicou Barbosa.
O diretor também comentou as expectativas do mercado para uma possível redução da Selic no início de 2026. Para ele, um ciclo de queda da taxa básica tende a estimular investimentos de médio e longo prazo. “Se as expectativas de mercado confirmarem um ciclo de redução de juros a partir do início do ano que vem, isso deve aumentar bastante a demanda por investimento de médio e longo prazo. E nós temos hoje recursos para atender essa demanda com taxas de mercado”, disse.
Apesar desse cenário, o BNDES não prevê mudanças nas metas estabelecidas para os próximos anos. A instituição pretende elevar as aprovações para 2% do Produto Interno Bruto (PIB) e os desembolsos para 1,5% do PIB em 2026, com possibilidade de atingir 2% até 2028. “O prazo médio de desembolsos é cerca de quatro anos. A gente tem aprovado muito e com prazos mais longos, que é o que a economia precisa. A aprovação dá a tendência de onde o desembolso vai chegar”, observou.
Barbosa também destacou que o banco acompanha a tramitação da Medida Provisória do Brasil Soberano, que destinou R$ 30 bilhões em crédito a empresas afetadas pelo tarifaço imposto pelos Estados Unidos a produtos brasileiros. Caso o Congresso Nacional não aprove o texto, a MP perde validade na próxima semana. Segundo ele, há sinais de que condições especiais de financiamento devem continuar para o setor exportador. “Apesar da redução das tarifas sobre alguns produtos, a maior parte da indústria brasileira ainda conta com 40% de sobretaxa adicional [dos EUA]. Aguardamos a decisão do Congresso, mas tudo indica que a indústria brasileira vai continuar com um financiamento mais favorável ao setor exportador para se adaptar a essa nova conjuntura mundial.”



