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Casas Bahia enfrenta forte queda com temor de diluição acionária

Mercado reage ao plano de reestruturação que prevê conversão ampla de dívidas

Casas Bahia (Foto: Divulgação)

247 - As ações da Casas Bahia registraram forte recuo nesta terça-feira (28) após a divulgação de detalhes do plano de reestruturação financeira da companhia. Investidores reagiram à perspectiva de diluição significativa dos acionistas minoritários caso avance a proposta de conversão ampla das dívidas remanescentes da 10ª emissão de debêntures.

De acordo com informações publicadas pelo Brazil Stock Guide, o documento enviado ao mercado prevê a elevação do capital autorizado para até R$ 13,25 bilhões, combinada com a conversão de praticamente toda a dívida pendente da 10ª emissão. A iniciativa, embora possa reduzir a alavancagem e levar a empresa à posição de caixa líquido, ampliaria substancialmente a base acionária.

A companhia negocia a conversão de R$ 3,29 bilhões referentes às séries 1 e 3 dessa emissão, complementando a conversão da série 2, concluída em junho. Caso aprovada, a operação multiplicaria a atual base de 653,9 milhões de ações, gerando diluição aos minoritários. Mapa Capital, que assumiu o controle após a conversão anterior, tende a manter o comando ao absorver créditos ou preservar sua fatia proporcional dentro do novo teto de capital autorizado.

A empresa destacou que a configuração final depende da adesão dos credores e da aprovação na assembleia marcada para terça-feira (17) de dezembro, que ocorrerá de forma virtual. Os acionistas analisarão o aumento do capital autorizado, alterações no estatuto social e a concessão de poderes à administração para executar as etapas necessárias.

Paralelamente, os detentores das debêntures avaliarão o chamado “reperfilamento duro”, que alonga vencimentos até 2050, elimina garantias e extingue amortizações extraordinárias — condições que incentivam a migração do crédito para ações.

Hoje, a estrutura acionária da Casas Bahia é concentrada: Domus VII (Mapa Capital) detém 85,46% das ações ordinárias, enquanto GoldenTree, Twinsf, EK-VV Limited, Michael Klein e outros investidores somam pouco mais de 11%. Uma conversão ampla reduziria essas participações, mas permitiria ao grupo aliviar o balanço após anos de pressão por juros elevados, custos financeiros crescentes e dependência de linhas de antecipação a fornecedores.

A reorganização marca o fim de um ciclo iniciado em 2018, quando a empresa migrou ao Novo Mercado e unificou suas ações preferenciais e ordinárias. Depois, rebatizou-se como Via em 2021, adotando o ticker VIIA3, e voltou ao nome Grupo Casas Bahia em 2023, passando a ser negociada como BHIA3. A reformulação prevista para 2025 é a mais abrangente desde então, reunindo mudanças estatutárias, renegociação de dívidas e conversão massiva de créditos em capital para reconstruir a estrutura financeira da varejista.

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