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Motiva Infraestrutura confirma venda de aeroportos até o fim do ano

CEO Miguel Setas afirma que transação deve ser concluída até 31 de dezembro e reforça foco da companhia em mobilidade e redução da dívida

Motiva (Foto: Divulgação)

247 - A Motiva Infraestrutura (B3: MOTI3) reafirmou que a venda de sua divisão de aeroportos está mantida e deve ser concluída até quarta-feira (31 de dezembro de 2025), conforme destacou o portal Brazil Stock Guide, citando declarações feitas pela diretoria da companhia durante a divulgação dos resultados do terceiro trimestre.

De acordo com a publicação, o CEO da empresa, Miguel Setas, afirmou que o negócio, atualmente na fase de ofertas vinculantes, representa um passo decisivo na estratégia de otimização de portfólio, redução do endividamento e realocação de capital em ativos de mobilidade. “A expectativa de concluir a transação dos aeroportos até o fim do ano está preservada”, afirmou.

Estratégia de crescimento e nova plataforma de mobilidade

Setas informou que, após a venda, a Motiva planeja formar uma plataforma de mobilidade em parceria internacional, com assinatura prevista para 2026 e conclusão em 2027. A empresa pretende arrecadar entre R$ 5 bilhões e R$ 10 bilhões por meio de uma combinação de vendas totais e parciais de ativos, incluindo a plataforma aeroportuária, participações minoritárias em operações de mobilidade e concessões maduras que não são mais consideradas estratégicas.

“Este é o momento certo para cristalizar valor e reposicionar o portfólio para uma nova fase de crescimento lucrativo e sustentável”, declarou o executivo. Ele ressaltou ainda que a disciplina na alocação de capital “não é negociável”, e citou como exemplo a decisão de não participar do Lote 5 do último leilão de infraestrutura, por falta de sinergias com os ativos atuais.

Detalhes dos investimentos e contratos

A diretora de Relações com Investidores, Flávia Godoy, apresentou o novo backlog de investimentos da companhia, que inclui cerca de R$ 1 bilhão referentes ao aditivo da Via 4 e R$ 10 bilhões em compromissos de CAPEX associados à concessão da Motiva Pantanal. Segundo ela, os ajustes contratuais seguem o IRT – Índice de Reajuste Tarifário, com aumentos anuais de 5,3% nas rodovias de São Paulo e 4,4% nas linhas 8 e 9 da CPTM.

Setas também mencionou as negociações em curso com o governo de São Paulo para novos investimentos nas concessões SPVias e Autoban, além de tratativas com o governo da Bahia para possíveis expansões do Metrô de Salvador. “Nosso foco é crescer dentro da nossa área de atuação, em projetos com sinergia operacional clara”, reforçou.

Redução de custos e gestão financeira

O CFO Waldo Pérez destacou os avanços do programa de eficiência da empresa, que reduziu o OPEX de caixa para 36,9% da receita líquida, abaixo da meta de 38% prevista apenas para 2026. Ele também apontou resultados positivos na gestão de passivos e alongamento da dívida, embora tenha observado aumento na volatilidade dos mercados de crédito locais nas últimas semanas.

Durante a sessão de perguntas e respostas, o analista Pedro Bruno, do XP Investimentos, questionou como a venda dos aeroportos afetará a estrutura corporativa da Motiva. Setas respondeu que a operação fortalecerá o balanço e liberará recursos para os negócios centrais — rodovias e mobilidade urbana. “O ciclo aeroportuário amadureceu; agora é hora de monetizar esse valor e acelerar o próximo capítulo de crescimento da Motiva”, afirmou.

Próximos passos e perspectivas

A venda dos aeroportos representa o segundo grande movimento de reciclagem de capital desde a reestruturação da companhia. Paralelamente, a Motiva se prepara para disputar a nova licitação da Renovias, prevista para fevereiro de 2026, além de monitorar ativos estratégicos nas regiões Sudeste e Sul do país.

Em sua fala final, Setas definiu o trimestre como “um marco de coerência estratégica”, combinando eficiência, simplificação do portfólio e execução disciplinada. “Estamos entregando o que prometemos — menos dívida, mais foco e uma plataforma pronta para crescer”, concluiu o executivo.

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