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Nubank enfrenta protestos após exigir retorno parcial ao escritório

Mudança no regime de trabalho causa tensão entre funcionários e resulta em demissões após evento com o CEO David Vélez

Sede do Nubank, em São Paulo (SP) 19/06/2018 REUTERS/Paulo Whitaker (Foto: Paulo Whitaker)

247 - Funcionários do Nubank protestaram contra a nova política de trabalho híbrido anunciada pelo CEO e fundador da fintech, David Vélez, durante uma conferência interna transmitida ao vivo para mais de 7 mil empregados. O episódio, ocorrido na quinta-feira (6), gerou polêmica e terminou com a demissão de 12 funcionários. As informações são do Broadcast.

De acordo com a reportagem, o Nubank informou que, a partir de julho de 2026, todos os colaboradores deverão cumprir ao menos dois dias presenciais por semana, ampliando para três dias em janeiro de 2027. A decisão rompe com o modelo majoritariamente remoto adotado pela empresa desde a pandemia. Durante o anúncio, Vélez afirmou que os funcionários terão oito meses para se adaptar à nova rotina e destacou que a fintech planeja reformar escritórios e abrir novas unidades em cidades como Belo Horizonte e Rio de Janeiro.

Enquanto explicava as mudanças, o executivo foi surpreendido por mensagens ofensivas no chat da videoconferência. Cerca de 12 a 13 participantes — de um total de 9,5 mil empregados da empresa — usaram o canal interno para criticar a decisão e pedir a “revogação imediata” da medida. “Nem no happy hour no bar se fala coisas que vi lá”, relatou uma pessoa presente no evento, segundo o Broadcast.

Na sexta-feira (7), a direção do Nubank anunciou a demissão dos funcionários envolvidos e enviou um comunicado interno reforçando que o banco “acolhe o dissenso”, mas não tolera desrespeito. “Estamos prontos para feedback e a resistência. Esta é uma decisão difícil. Mas traçamos uma linha na areia contra a falta de respeito e a agressão”, dizia o texto.

Procurado pela imprensa, o Nubank declarou que “trabalha para preservar canais e rituais abertos para o livre debate entre seus funcionários, mas não tolera desrespeito e violações de conduta”. A empresa acrescentou ainda que “não comenta casos individuais de desligamento”.

No comunicado interno, a instituição descreveu o episódio como “comentários inaceitáveis” em um canal corporativo que exige comportamento profissional. Segundo o texto, “essas ações envenenam nosso ambiente e impactam todos os funcionários que estão tentando se envolver respeitosamente”.

Durante a transmissão, David Vélez reconheceu o desconforto que a medida causaria, mas defendeu que o retorno gradual ao escritório é fundamental para fortalecer a cultura interna. “Ao longo dos últimos anos, mencionei recorrentemente que me preocupo com o nosso ambiente prioritariamente remoto, pois os seus benefícios eram muito óbvios, mas os seus custos eram invisíveis”, escreveu o CEO em mensagem aos colaboradores.

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