Celso Sabino deixa Ministério do Turismo após expulsão do União Brasil
Partido reivindicou a vaga após decidir deixar o governo Lula
247 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou, nesta quarta-feira (17), que Celso Sabino deixará o comando do Ministério do Turismo. A saída ocorre em meio à crise política entre o ministro e o União Brasil, partido do qual foi expulso após optar por permanecer no governo mesmo depois de a legenda decidir romper com o governo Lula.
Segundo a Folha de São Paulo, que apurou que o União Brasil já indicou um novo nome para a pasta: Gustavo Damião, filho do deputado federal Damião Feliciano (União Brasil-PB). Ele já foi secretário de Turismo e Desenvolvimento Econômico da Paraíba e conta com o apoio de uma ala do partido considerada mais alinhada ao Palácio do Planalto.
Crise política acelerou saída de Sabino
Celso Sabino foi expulso do União Brasil no início de dezembro, após um processo conduzido pelo Conselho de Ética da legenda. No fim de novembro, o colegiado recomendou sua expulsão e a dissolução do diretório do Pará, presidido por ele, além da nomeação de uma comissão provisória. A decisão foi confirmada pela executiva nacional do partido no último dia 8.
Após a definição, Sabino se manifestou nas redes sociais e afirmou que sua expulsão ocorreu por ter decidido permanecer no governo Lula e por “ajudar o Pará”. No mesmo pronunciamento, agradeceu a aliados e reforçou sua pré-candidatura ao Senado em 2026.
União Brasil articulou novo nome para o ministério
A indicação de Gustavo Damião partiu de um grupo que reúne cerca de 20 a 22 deputados dos 59 integrantes da bancada do União Brasil. O núcleo é formado pelo ex-ministro Juscelino Filho (MA), pelo líder da bancada na Câmara, Pedro Lucas Fernandes (MA), e pelo deputado Damião Feliciano. O presidente nacional do partido, Antonio Rueda, deu aval à movimentação, embora aliados afirmem que ele não participou diretamente da escolha.
A articulação para a substituição começou cerca de 20 dias antes do anúncio oficial. No governo, a avaliação foi de que Sabino já não contava com apoio suficiente da bancada da Câmara para permanecer no cargo.
Lula anuncia decisão em reunião ministerial
A saída de Celso Sabino foi comunicada por Lula durante uma reunião ministerial realizada na Granja do Torto. O presidente afirmou que pretendia manter os ministros até abril, prazo final de desincompatibilização para quem pretende disputar eleições, mas explicou que Sabino precisaria deixar o cargo antes porque o União Brasil reivindicou a vaga. Lula também desejou boa sorte ao ministro na disputa pelo Senado.
Disputa interna e cenário eleitoral influenciam movimento
Apesar de não representar uma recomposição direta entre Lula e Antonio Rueda, dirigentes do União Brasil avaliam que a mudança pode abrir caminho para um armistício político. A legenda discutia apoiar a candidatura presidencial do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), em aliança com o PP, cenário que perdeu força após o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) se lançar ao Planalto. Com isso, parte da cúpula passou a defender a neutralidade.
O desembarque do União Brasil do governo, decidido em setembro, teve como principal alvo Celso Sabino. Outros indicados da legenda sem mandato, como dirigentes de estatais e ministros ligados ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), foram mantidos.
Deputado federal licenciado, Sabino deve retomar seu mandato na Câmara após deixar o ministério. Integrantes do partido também avaliam que a escolha de Gustavo Damião pode contribuir para melhorar a relação do governo com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), aliado político de Damião Feliciano na Paraíba.



