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Líderes associam operação contra ex-assessora de Lira à tentativa de cassação Glauber Braga

O deputado do Psol prestou depoimento no inquérito que investiga desvio de emendas

Glauber Braga (Foto: Lula Marques/Agência Brasil)

247 - A operação deflagrada pela Polícia Federal nesta sexta-feira, que teve como alvo uma ex-assessora do ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL), provocou forte reação entre lideranças do Legislativo e ampliou o clima de tensão entre o Parlamento e o Supremo Tribunal Federal. Deputados relacionaram a ação à frustrada tentativa de cassar o mandato de Glauber Braga (Psol-RJ), derrotada dias antes no plenário da Casa. As informações são do jornal O Globo.

A investigação foi determinada pelo ministro Flávio Dino, do STF, e decorre de um inquérito no qual Braga e outros congressistas chegaram a prestar depoimento.

A ação da Polícia Federal incluiu diligências na Câmara dos Deputados e em outros endereços, com foco em apurar suspeitas de desvios de emendas parlamentares. O principal alvo foi Mariângela Fialek, conhecida entre os parlamentares como Tuca, ex-assessora direta de Arthur Lira e atualmente vinculada à liderança do PP. O ex-presidente da Câmara não é investigado na operação.

Durante o período em que Lira comandou a Casa, Tuca era apontada por deputados como figura central no fluxo de distribuição e liberação de emendas. De perfil técnico, recebia parlamentares de diferentes partidos, acompanhava votações no plenário e era considerada um dos principais braços operacionais do então presidente da Câmara.

Para líderes da Câmara, o momento da operação chamou atenção. A ação ocorreu dois dias depois de o plenário não conseguir votos suficientes para cassar o mandato de Glauber Braga, desafeto declarado de Lira. Conhecido por uma atuação combativa, o deputado do PSOL acumulava resistências de parlamentares de diferentes espectros ideológicos, da esquerda à direita.

Integrantes do Centrão afirmam que havia um entendimento prévio entre Arthur Lira e Hugo Motta para que o atual presidente da Câmara conduzisse o processo de cassação. No entanto, a sessão realizada na quarta-feira terminou em reviravolta. Diante da falta de apoio para a perda definitiva do mandato, o bloco teve de recuar para evitar uma derrota mais ampla, resultando apenas na suspensão de Braga por seis meses, o que expôs fragilidades na condução política da Casa.

A operação desta sexta-feira agravou o desconforto institucional num momento em que parlamentares já vinham manifestando críticas à atuação do Supremo. A cúpula da Câmara reagiu especialmente às buscas e apreensões realizadas dentro das dependências do Legislativo, incluindo uma ação na sala onde a assessora trabalha.

Aliados de Motta relataram que, inicialmente, circulou entre deputados a informação de que haveria diligências na própria sala da presidência da Câmara, o que aumentou a insatisfação nos corredores da Casa. A hipótese não se confirmou, mas contribuiu para elevar a tensão política.

Segundo um deputado com trânsito entre diferentes bancadas, há preocupação generalizada entre parlamentares devido ao papel estratégico desempenhado por Mariângela Fialek na engrenagem de distribuição de emendas. 

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