Lula diz que decisão sobre PL da dosimetria será tomada com foco no Brasil e no momento adequado
Presidente afirma que analisará texto aprovado pela Câmara apenas quando chegar à sua mesa e reafirma apoio a Jorge Messias para o STF
247 – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que só tomará uma decisão sobre o projeto de lei da dosimetria após analisar o texto aprovado pelo Congresso Nacional e garantiu que sua escolha será guiada pelo interesse do país e pela defesa da democracia. “Quando chegar na minha mão, eu vou tomar decisão. Pode ficar certo que eu tomarei a decisão que eu achar que é melhor para o Brasil”, declarou.
As declarações foram dadas em entrevista exclusiva à jornalista Marina Demori, do SBT News, gravada na última sexta-feira, antes do evento de lançamento do canal em São Paulo, e exibida no programa News Noite. Ao longo da conversa, Lula fez um balanço do terceiro ano de seu terceiro mandato, comentou a relação com o Congresso Nacional, tratou da indicação de Jorge Messias ao Supremo Tribunal Federal (STF), falou sobre as eleições de 2026 e abordou sua relação com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Balanço do governo e marcas do mandato
Ao avaliar seu governo, o presidente destacou políticas sociais e indicadores econômicos como principais marcas do período. Segundo ele, uma das medidas mais relevantes foi a ampliação da isenção do Imposto de Renda.
“A mais sagrada de toda ela foi a redução, foi a invenção de imposto de renda para as pessoas que ganham até R$ 5 mil no Brasil e também para as pessoas que ganham até R$ 7.300, que vai ter um desconto também e vai pagar menos”, afirmou.
Lula também ressaltou a retirada de 33 milhões de brasileiros do mapa da fome, reconhecida pela ONU, e programas voltados à saúde e à renda da população mais pobre. “Nós estamos terminando o terceiro ano com algumas coisas muito importantes: menor desemprego da história do Brasil, a menor inflação acumulada em quatro anos da história do Brasil, a maior massa salarial do Brasil”, disse.
Entre os programas citados, o presidente mencionou a isenção na conta de luz para famílias de baixa renda e o Gás do Povo. “Vamos distribuir gás de graça para mais de 15 milhões de famílias que estão no CadÚnico”, afirmou.
Pesquisas e popularidade
Questionado sobre oscilações em pesquisas de popularidade, Lula minimizou os resultados e afirmou que os efeitos das políticas públicas levam tempo para aparecer.
“Não falta nada, falta o tempo. Quando você planta um pé de soja ou um pé de milho, ele não aparece no dia seguinte”, comparou. Segundo ele, os dois primeiros anos foram dedicados à reconstrução do país. “O ano que vem será o ano da verdade”, afirmou, ao defender que os resultados serão mais visíveis para a população.
Relação com o Congresso e reforma tributária
O presidente negou crise com o Congresso e afirmou manter boa relação com lideranças do Legislativo. “Eu sou amigo do Davi, eu sou amigo do Hugo Motta”, disse, ao comentar a relação com o presidente do Senado.
Lula destacou que o governo aprovou cerca de 99% das propostas enviadas ao Congresso, mesmo com uma base minoritária. “Eu tenho 70 deputados em 513 e nove senadores em 81. E qual é o milagre? É o milagre da democracia, da conversa”, afirmou.
Ele também ressaltou a aprovação da reforma tributária. “Há 40 anos esse país esperava uma reforma tributária e nós fizemos com esse Congresso adverso”, declarou, comparando as dificuldades do presidencialismo em diferentes democracias.
STF, Flávio Dino e independência dos Poderes
Ao comentar decisões do STF, incluindo operações relacionadas às emendas parlamentares, Lula rejeitou qualquer interferência do Executivo sobre a Corte.
“A Suprema Corte é totalmente independente e autônoma e é bom que seja assim. O presidente da República não tem e não quer ter interferência sobre os votos dos ministros”, afirmou. Ele acrescentou que investigações e decisões judiciais cabem exclusivamente ao Judiciário.
PL da dosimetria e defesa da democracia
Sobre o projeto de lei da dosimetria, aprovado pela Câmara e ainda em tramitação, Lula evitou antecipar sua decisão. “Não sei se eu vou vetar. Não conheço sequer a decisão ainda. Deixa chegar a decisão”, disse.
O presidente, no entanto, fez duras críticas a tentativas de ruptura institucional. “O cidadão que tentou dar um golpe nesse país merece ser condenado”, afirmou, ressaltando que a preservação da democracia e o respeito à autonomia dos Poderes serão critérios centrais na análise do texto.
Indicação de Jorge Messias ao STF
Lula reafirmou sua confiança na aprovação de Jorge Messias para uma vaga no Supremo Tribunal Federal. “Acredito que ele será o ministro da Suprema Corte aprovado pelo Senado”, declarou.
Segundo o presidente, Messias reúne competência técnica e trajetória sólida. “Eu indiquei um advogado muito competente, um advogado-geral da União extraordinário”, afirmou.
Eleições de 2026
Ao falar sobre o cenário eleitoral, Lula disse ser cedo para definições mais claras, mas demonstrou confiança na vitória do campo governista. “A única coisa que eu tenho certeza é que nós vamos ganhar as eleições pelos serviços prestados ao povo brasileiro”, afirmou.
Sobre o vice-presidente Geraldo Alckmin, Lula disse que ele “será o que ele quiser”. Já sobre possíveis adversários, evitou escolher nomes. “Eu tô preparado para disputar com todos eles de uma vez só”, declarou.
Relação com Donald Trump
Lula também comentou sua relação com Donald Trump, atual presidente dos Estados Unidos, e disse que mantém diálogo direto com o líder norte-americano. “Eu gosto de respeitar e gosto de ser respeitado”, afirmou.
O presidente relatou conversas sobre comércio, democracia e sanções aplicadas a autoridades brasileiras. “Nenhum ministro em lugar do mundo pode ser punido porque cumpriu a Constituição do seu país”, disse, ao relatar que pediu a Trump a revisão dessas medidas.
Segundo Lula, o diálogo tem produzido resultados. “Eu acredito no poder da palavra. A gente vai voltar à normalidade”, afirmou, demonstrando otimismo quanto às relações políticas e comerciais entre Brasil e Estados Unidos.



